Embora o governo tenha anunciado em março a eliminação de tarifas sobre diversos produtos importados, incluindo azeite, milho e óleo de girassol, entre outros, as consequências práticas dessas decisões ainda não se manifestaram nas prateleiras dos supermercados brasileiros. Especialistas apontam que fatores como custos operacionais e logísticos podem inviabilizar qualquer impacto positivo dessas políticas sobre o consumidor final. Por exemplo, um corte de 9% no imposto sobre carne importada dificilmente compensará os encargos associados ao transporte transcontinental e às taxas portuárias.
Tomando como referência a cadeia de abastecimento global, é evidente que o valor agregado à carne durante sua jornada desde o frigorífico estrangeiro até o mercado nacional absorve praticamente todo o benefício proporcionado pela redução fiscal. Isso significa que os consumidores brasileiros continuarão enfrentando preços elevados mesmo com a isenção de impostos sobre certos itens importados.
No cenário interno, a perspectiva de uma supersafra recorde de 323,8 milhões de toneladas até 2025 oferece uma solução mais promissora para controlar os preços dos alimentos. Essa expansão na produção agrícola não afeta apenas os grãos diretamente colhidos, mas também reverbera por toda a cadeia produtiva. O exemplo clássico é o impacto da abundância de milho e soja na alimentação animal, resultando em custos menores para produtos derivados, como carne de frango, suína e leite.
A relação entre a oferta de insumos básicos e o preço final dos alimentos processados é intrínseca. Quando a ração utilizada na criação de animais fica mais acessível, os custos de produção diminuem, refletindo-se em valores mais baixos para o consumidor. Esse mecanismo ilustra como uma safra robusta pode trazer benefícios tangíveis tanto para produtores quanto para consumidores finais.
Além da importância da supersafra, outro pilar fundamental para mitigar o aumento dos preços dos alimentos é a estabilidade macroeconômica. Um real mais forte frente ao dólar amplia o poder de compra da população, permitindo que bens antes considerados caros tornem-se acessíveis. Esse fortalecimento cambial, combinado com uma política fiscal prudente, contribui para frear a inflação e melhorar as condições de vida da sociedade.
O presidente da Faemg ressalta que a prosperidade gerada pela agricultura não se limita aos produtores rurais. Cidades urbanas também se beneficiam do crescimento do setor agropecuário, pois o aumento da oferta de alimentos traduz-se em maior disponibilidade e preços mais justos. Essa dinâmica positiva reforça a necessidade de políticas públicas que priorizem a sustentabilidade econômica e ambiental do campo, garantindo retornos duradouros para toda a nação.