O popular jogo Roblox está no centro de um debate acalorado entre pais e especialistas em segurança digital após declarações recentes de seu CEO, Dave Baszucki. Em entrevista exclusiva à BBC, ele sugeriu que os pais devem ser responsáveis por decidir se seus filhos podem ou não jogar na plataforma. Enquanto alguns pais elogiaram as iniciativas da empresa para criar um ambiente seguro e inclusivo, outros relataram experiências negativas, como casos de vício e até mesmo tentativas de exploração infantil dentro do jogo. Este artigo explora essas preocupações, destacando histórias de famílias impactadas pelo uso do Roblox.

A polêmica começou quando Baszucki afirmou que, embora a empresa leve a sério a segurança dos usuários, cabe aos pais garantirem que o Roblox seja adequado para seus filhos. Essa postura gerou uma série de reações mistas. Por um lado, há relatos de crianças que encontram no jogo uma forma de socialização positiva, especialmente aquelas com dificuldades sociais, como Kyle, um garoto de 13 anos com TDAH e autismo. Para ele, o Roblox é mais do que apenas entretenimento; é uma maneira de se conectar com colegas de classe e reduzir sua ansiedade diária.

No entanto, outras famílias enfrentam desafios significativos relacionados ao uso prolongado do jogo. Amir, de Leeds, descreveu sua luta para lidar com o vício do filho adolescente, que passa até 14 horas diárias na plataforma. Apesar das tentativas de controle parental e restrições impostas pela própria Roblox, o jovem encontra maneiras de contornar essas barreiras, criando múltiplas contas e acessando perfis de terceiros. Esse cenário levanta questões sobre a eficácia das ferramentas de segurança oferecidas pela empresa.

Histórias ainda mais alarmantes surgiram, como a de Sally, mãe escocesa cuja filha de nove anos foi vítima de tentativa de abuso sexual online. A criança foi coagida por outro jogador a simular atividades inapropriadas durante um jogo de "vida real". Embora a menina tenha resistido e relatado o incidente à mãe, Sally ficou frustrada com a falta de resposta da plataforma. Ela argumenta que a responsabilidade não pode recair apenas nos ombros dos pais, mas também deve ser compartilhada pelas empresas que criam esses ambientes digitais.

Diante dessas críticas, Baszucki reiterou o compromisso da Roblox em promover um espaço seguro para todas as idades. Ele mencionou avanços tecnológicos, como sistemas de IA que monitoram comunicações entre usuários e filtram comportamentos inadequados. Além disso, a empresa implementou restrições adicionais para menores de 13 anos, proibindo mensagens diretas e interações sociais sem supervisão.

Embora o Roblox continue sendo amplamente popular entre crianças de 8 a 12 anos no Reino Unido, as experiências variam consideravelmente. Para algumas famílias, a plataforma representa uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Para outras, no entanto, traz desafios significativos que exigem soluções colaborativas entre pais e desenvolvedores.

O caso do Roblox ilustra o equilíbrio delicado necessário entre liberdade de uso e proteção digital. Enquanto a empresa investe em tecnologias de ponta para garantir a segurança de seus milhões de usuários, as histórias compartilhadas pelos pais destacam a importância de uma abordagem conjunta. Resta saber se as medidas atuais serão suficientes para resolver as preocupações crescentes em torno do impacto do jogo na vida das crianças.