Transgênicos no Brasil: Promessas Não Cumpridas e Impactos Sociais

Apr 3, 2025 at 4:03 PM
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Quase duas décadas após a introdução da Lei de Biossegurança, o Brasil enfrenta um cenário complexo marcado por insegurança alimentar crescente e aumento significativo no uso de agrotóxicos. Em entrevista ao podcast "Conversa Bem Viver", Jaqueline Andrade, assessora jurídica da organização Terra de Direitos, analisa como as promessas iniciais dos transgênicos não se concretizaram. Ela destaca que, apesar de serem promovidos como solução para reduzir a fome e baratear alimentos, esses produtos não trouxeram os benefícios esperados. Ao contrário, consolidaram um modelo agrícola dependente de grandes corporações e prejudicial à biodiversidade.

O Crescimento Indesejado do Uso de Agrotóxicos e Dependência Tecnológica

Desde a aprovação da legislação em 2005, observou-se uma escalada alarmante no consumo de defensivos agrícolas, com crescimento de 87% entre 2010 e 2021. Esse fenômeno está diretamente ligado às características das culturas geneticamente modificadas, projetadas para resistirem aos próprios agrotóxicos. No contexto atual, empresas multinacionais como Bayer, Corteva e Syngenta dominam o mercado brasileiro, impondo um ciclo de dependência tecnológica aos agricultores familiares. Esses produtores são forçados a adotar pacotes que incluem sementes modificadas e substâncias químicas, muitas vezes abandonando variedades tradicionais mais sustentáveis.

A regulamentação vigente também enfraqueceu o poder fiscalizatório dos estados e municípios, concentrando-o exclusivamente no governo federal. Um exemplo emblemático ocorre no Paraná, onde a agência estadual declarou incapacidade de monitorar adequadamente práticas agrícolas específicas, comprometendo ainda mais pequenos produtores.

Resistência e Alternativas Sustentáveis

No entanto, movimentos sociais e agricultores familiares continuam lutando contra esse sistema. A agroecologia surge como uma resposta viável, promovendo modelos de produção que valorizam o meio ambiente, a saúde pública e os conhecimentos ancestrais. Segundo Andrade, trata-se de muito mais do que apenas uma técnica agrícola; é um estilo de vida comprometido com a soberania alimentar e a preservação da biodiversidade.

Este debate é amplamente difundido através do programa de rádio "Bem Viver", transmitido em diversas emissoras pelo país, reforçando a importância da conscientização sobre essas questões.

Como jornalista ou leitor atento, fica evidente que o modelo predominante de agricultura baseado em transgênicos não só falhou em resolver problemas estruturais como a fome, mas também gerou novos desafios ambientais e econômicos. A adoção de alternativas como a agroecologia representa uma oportunidade crucial para transformar esse panorama, priorizando soluções locais e sustentáveis. Este é o caminho necessário para garantir um futuro mais equitativo e saudável para todas as comunidades envolvidas na cadeia alimentar brasileira.