O fenômeno do compartilhamento de informações sobre crianças nas redes sociais pelos próprios responsáveis tem despertado crescentes preocupações. Um estudo realizado por acadêmicos da Universidade Cesumar em Maringá destaca como a prática, conhecida como "sharenting", pode comprometer diferentes aspectos da vida das crianças, incluindo sua privacidade e bem-estar psicológico. A análise reuniu 73 artigos publicados entre 2016 e 2023, revelando que uma vasta maioria dos pequenos já possui presença online antes mesmo de completarem dois anos de idade.
As implicações dessa exposição vão além da esfera familiar. A prática pode gerar consequências significativas no desenvolvimento infantil, impactando tanto a construção da identidade quanto a segurança digital. Alguns riscos associados incluem o uso inadequado das informações postadas para atividades fraudulentas ou até mesmo envolvimento com redes ilegais. Além disso, há relatos de desconforto emocional entre crianças e adolescentes que percebem seu espaço privado invadido sem consentimento, criando tensões familiares e promovendo um ciclo vicioso de normalização dessa exposição pública.
A transformação cultural provocada pelo sharenting também molda expectativas sociais, reforçando padrões rígidos de comportamento e aparência. Em muitos casos, as crianças se tornam peças-chave em estratégias comerciais, sendo utilizadas por pais influenciadores digitais para atrair marcas e patrocinadores. Essa monetização da infância levanta questões éticas importantes, destacando a necessidade de regulamentações mais rigorosas. No entanto, mudanças legislativas não são suficientes; é crucial incentivar uma educação digital que conscientize os adultos sobre os perigos de expor excessivamente seus filhos. O futuro depende de uma cooperação ampla entre governantes, educadores e famílias, garantindo proteção integral para as próximas gerações no mundo virtual.