O excesso de compartilhamento de imagens e informações sobre crianças nas redes sociais tem se tornado um tema preocupante para especialistas em saúde mental e segurança digital. Investigadores da Universidade Cesumar, localizada em Maringá, Paraná, destacaram recentemente os perigos associados a essa prática. Em um estudo publicado na Revista Bioética, eles analisaram como o fenômeno conhecido como "sharenting" afeta não apenas a infância, mas também a vida adulta dessas crianças. Estudos revisados indicam que mais de 80% das crianças em nações ocidentais já possuem uma presença online antes mesmo de atingirem dois anos de idade. Esse cenário gera implicações profundas relacionadas à privacidade e ao bem-estar psicológico.

As consequências dessa superexposição podem ser vistas em diferentes aspectos da vida das crianças. Pesquisadores alertam que esse comportamento pode criar tensões familiares significativas, além de expor as crianças a riscos como fraudes digitais e até mesmo exploração por grupos ilegais. Durante o desenvolvimento infantil, esses jovens podem desenvolver sentimentos negativos em relação aos pais caso suas imagens sejam usadas de maneira inadequada, como na criação de memes ou situações de bullying. Além disso, a exposição precoce tende a moldar a visão que essas crianças terão sobre o uso da internet quando se tornarem adultos, perpetuando o ciclo de superexposição.

A necessidade de políticas públicas claras e eficazes para enfrentar essa questão é evidente. Segundo Lucas Garcia, um dos autores do estudo, é crucial envolver legisladores, educadores e famílias na formulação de estratégias que protejam os direitos digitais das crianças sem comprometer a liberdade de expressão. Ele ressalta ainda que a falta de engajamento da sociedade civil nesse debate contribui para o agravamento do problema. A análise sugere que a regulação do uso comercial da imagem infantil e a limitação da publicidade direcionada a esse público são medidas urgentes. Ao promover um ambiente digital mais seguro e consciente, podemos garantir um futuro onde as crianças cresçam livres de ameaças desnecessárias e com pleno respeito à sua privacidade.