Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que o preço elevado dos alimentos influencia diretamente a capacidade da população vulnerável em adotar dietas mais saudáveis. Essa pesquisa evidencia que os alimentos com maior valor nutricional tendem a ser mais caros, dificultando o acesso das famílias à uma alimentação equilibrada.
Os dados mostram que, além do custo crescente, outros fatores como o tempo limitado e as condições climáticas adversas também desempenham papéis cruciais no cenário alimentar atual. A combinação desses elementos tem transformado o consumo de alimentos ultraprocessados em uma opção mais acessível para muitos brasileiros.
O estudo destaca que os alimentos recomendados para uma dieta balanceada, como frutas, legumes e cereais integrais, estão se tornando cada vez menos acessíveis financeiramente. Para muitas famílias, a escolha recai sobre itens mais baratos, ainda que menos nutritivos.
De acordo com especialistas, os preços globais dos alimentos subiram significativamente nos últimos anos, impactando bilhões de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, essa realidade reflete-se especialmente na dificuldade de manter uma alimentação rica em nutrientes essenciais. A pesquisa indica que mesmo quando há a intenção de consumir melhor, o orçamento familiar muitas vezes impede essa prática. Assim, os produtos vegetais frescos e integrais continuam sendo privilégio de quem pode arcar com seus custos elevados.
As análises realizadas pela UFMG mostram que as dietas baseadas nas recomendações do EAT-Lancet e do Guia Alimentar Brasileiro destacam um padrão alarmante: enquanto os alimentos saudáveis são concentrados em dietas de alto custo, as dietas de baixo custo apresentam uma grande presença de óleos vegetais e pouca variedade de frutas e hortaliças. Isso cria um ciclo onde as classes menos favorecidas têm menor exposição a uma alimentação completa e diversificada.
Outro aspecto abordado pelo estudo é a relação entre mudanças climáticas e disponibilidade de alimentos saudáveis. Fenômenos climáticos extremos afetam diretamente a produção agrícola, aumentando os preços de itens básicos.
Segundo Thaís Caldeira, a instabilidade climática tem sido um fator determinante no aumento dos custos de alimentos considerados sustentáveis. Exemplos incluem o café, cuja produção foi reduzida significativamente em países como o Vietnã e no Brasil, bem como o azeite, impactado por temperaturas anormais no Mediterrâneo. Além disso, inundações e secas em regiões produtoras, como no Rio Grande do Sul, têm causado escassez de cultivos essenciais como o arroz. Esses eventos ambientais contribuem para a elevação constante dos preços, tornando ainda mais difícil para famílias de baixa renda adquirirem alimentos saudáveis.