Em uma era dominada pela digitalização, a presença excessiva de dispositivos eletrônicos nas residências tem levado a um fenômeno preocupante chamado "tecnoferência". Este termo descreve a distração dos pais por gadgets enquanto estão com os filhos, afetando negativamente o comportamento infantil. Estudos recentes indicam que essa prática pode levar a problemas como ansiedade e hiperatividade em crianças pequenas.
No outono dourado do ano passado, um estudo publicado no Jama Network Open investigou a percepção de crianças sobre o uso excessivo de tecnologia pelos pais. Realizado entre 2020 e 2022, o projeto envolveu 1.303 participantes de 9 a 11 anos, que responderam a questionários em três momentos distintos. As perguntas incluíam sentimentos de frustração quando os pais estavam mais focados em seus dispositivos do que na interação familiar.
Os resultados revelaram uma conexão significativa entre altos níveis de tecnoferência e problemas comportamentais em crianças, incluindo ansiedade e falta de atenção. Segundo especialistas, quando as necessidades emocionais e físicas das crianças são negligenciadas, o risco de desenvolver problemas aumenta consideravelmente. O pediatra Claudio Schvartsman enfatizou que este é um fenômeno contemporâneo que impacta profundamente as relações familiares e a educação.
A pesquisa também destacou que a tecnoferência pode prejudicar o engajamento entre pais e filhos, reduzir a capacidade dos adultos de reconhecer as necessidades infantis e diminuir o tempo de interação positiva. Mesmo considerando o contexto da pandemia de Covid-19, que pode ter influenciado os resultados, os autores ressaltam a importância das percepções subjetivas das crianças.
Do ponto de vista de um jornalista, esta descoberta nos leva a refletir sobre a responsabilidade que cada membro da família tem na gestão do uso da tecnologia. É fundamental encontrar um equilíbrio saudável para garantir que a tecnologia não se torne um obstáculo à comunicação e ao desenvolvimento emocional dos jovens. Afinal, a qualidade do tempo compartilhado pode ser tão importante quanto a quantidade.