Medidas Estruturais São Necessárias para Combater a Inflação Alimentar no Brasil

Mar 24, 2025 at 1:01 PM
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A questão da inflação parcial, especificamente relacionada aos alimentos, tem ocupado o centro das atenções na mídia brasileira recentemente. Embora o cenário macroeconômico mostre sinais positivos, como o crescimento do PIB e a redução tanto da inflação quanto do desemprego, o custo dos produtos alimentícios continua sendo um desafio significativo. Enquanto o mercado defende uma abordagem baseada em aumentos de juros para conter a chamada "inflação de demanda", especialistas argumentam que o problema é, na verdade, de natureza estrutural, associado a questões de infraestrutura e políticas agrícolas inadequadas. Este artigo explora as causas subjacentes dessa inflação específica e sugere soluções a longo prazo que poderiam mitigar seus impactos.

O aumento nos preços dos alimentos não pode ser atribuído exclusivamente ao comportamento do consumidor ou às condições econômicas gerais. Na realidade, há uma série de fatores sistêmicos que contribuem para esse fenômeno. A falta de investimentos em infraestrutura logística adequada, por exemplo, dificulta o transporte eficiente de mercadorias por todo o país. Além disso, os pequenos e médios produtores enfrentam barreiras financeiras e tecnológicas que limitam sua capacidade de fornecer alimentos acessíveis à população. O incentivo a esses agricultores, aliado a reformas agrárias e linhas de crédito mais acessíveis, poderia representar uma solução viável para equilibrar a oferta e demanda no setor.

Outro ponto crucial está relacionado à gestão ambiental. A ausência de uma política eficaz para combater o aquecimento global e proteger ecossistemas vitais prejudica diretamente a produção agrícola. Isso se reflete em colheitas menos produtivas e prejuízos econômicos crescentes. Paralelamente, a Petrobras também desempenha um papel central nesse contexto, já que o alto custo dos combustíveis influencia diretamente o preço final dos alimentos transportados por rodovias.

Histórico recente mostra que governos anteriores, incluindo o período de Bolsonaro, negligenciaram aspectos fundamentais da segurança alimentar, como o fechamento de armazéns da CONAB. Essa decisão comprometeu ainda mais a capacidade do país de regular os preços durante períodos de crise. Para reverter essa tendência, é necessário um esforço coordenado entre autoridades públicas, entidades de pesquisa e iniciativa privada. Medidas como a ampliação da Embrapa e a construção de silos estratégicos podem proporcionar maior estabilidade no mercado interno.

A implementação dessas mudanças requer tempo, mas trará benefícios duradouros. Ao adotar uma postura proativa, o governo atual poderá fortalecer sua imagem perante a população, especialmente junto aos segmentos mais vulneráveis. Apesar das pressões neoliberais que sugerem cortes drásticos nas despesas sociais, é vital preservar programas que garantam dignidade e acesso básico à alimentação. A alternativa, representada pela extrema direita, representa um risco considerável para o progresso democrático do Brasil.

Diante deste panorama, urge que todos os agentes envolvidos – desde o Executivo até a sociedade civil – trabalhem em conjunto para promover reformas estruturais. Somente com uma visão ampla e comprometida será possível enfrentar adequadamente os desafios impostos pela inflação alimentar e garantir um futuro mais justo e sustentável para o país.