A minissérie "Adolescência", lançada pela Netflix, explora de forma profunda a relação entre jovens e o universo digital. A narrativa aborda como as redes sociais podem influenciar comportamentos autodestrutivos e agravar conflitos familiares. A trama central gira em torno do protagonista James Miller, um adolescente acusado de assassinar uma colega de escola. Este caso desvela lacunas significativas na comunicação entre pais e filhos, além de destacar conteúdos nocivos presentes no ambiente virtual, como os movimentos incel e red pill. A série também discute a necessidade de estabelecer limites e canais de diálogo para enfrentar essas questões.
O enredo da série apresenta um panorama alarmante sobre o impacto das interações digitais na vida cotidiana de adolescentes. James Miller, um garoto de 13 anos, é acusado de matar Katie Leonard, situação que expõe a desconexão familiar preexistente. O investigador responsável pelo caso, Luke Bascombe, enfrenta dilemas semelhantes com seu próprio filho, Adam. Essa dinâmica revela como pais frequentemente subestimam os perigos reais enfrentados pelos filhos no mundo virtual. Movimentos como o incel e o red pill são introduzidos por meio da perspectiva de Adam, que explica ao pai como esses grupos promovem ideologias prejudiciais, incluindo misoginia e violência contra mulheres.
Outro ponto relevante é a dificuldade dos pais em identificar sinais de insatisfação ou sofrimento emocional nos filhos. Especialistas consultados apontam que sentimentos como culpa e baixa autoestima podem surgir devido à pressão social e ao desejo de conquistar aprovação parental. Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria, enfatiza a importância de demonstrar afeto incondicional às crianças e adolescentes. Ela sugere que conversas abertas e terapia possam ajudar a compreender melhor as emoções complexas vividas nessa fase da vida.
Além disso, a exposição a conteúdos nocivos online aumenta significativamente os riscos para a saúde mental juvenil. Luci alerta sobre os chamados "desafios" virtuais, que incentivam comportamentos autodestrutivos e até mesmo criminosa. Para combater esse fenômeno, Alessandra Borelli, advogada especializada em direito digital, recomenda que os pais acompanhem atentamente o uso da internet pelos filhos. Estabelecer confiança mútua permite que as crianças compartilhem experiências negativas vividas no ambiente digital.
Educar sobre sexualidade é outro aspecto crucial mencionado na série. Denis Gonçalves Ferreira, psicólogo, defende a implementação de programas educacionais nas escolas que abordem o tema de maneira construtiva, fortalecendo a autoconfiança e promovendo habilidades protetivas. Controle sobre o tempo e conteúdo consumido em telas também é fundamental, conforme orientações da SBP, que sugerem limites rigorosos dependendo da idade do indivíduo.
A série destaca a necessidade urgente de regulamentar o acesso infantil e juvenil ao conteúdo digital. Profissionais entrevistados concordam que a tecnologia deve ser usada de forma equilibrada, nunca substituindo atividades físicas e interações sociais presenciais. O ideal seria criar políticas públicas que garantam um ambiente virtual mais seguro para todas as faixas etárias.