Apesar do alívio nos custos da energia elétrica e das passagens de transporte coletivo, o aumento contínuo dos preços dos alimentos continua a impactar significativamente as famílias brasileiras. De acordo com um relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação percebida pelas famílias de baixa renda diminuiu no mês de março de 2025, enquanto os produtos alimentícios continuam sendo uma das principais causas desse fenômeno. Este estudo detalha as mudanças nas faixas de renda, destacando como diferentes grupos econômicos são afetados por variações nos preços.
No mês de março, houve uma notável redução na taxa de inflação para famílias de baixa renda, que caiu de 1,59% em fevereiro para 0,56%. Para famílias de alta renda, a queda foi de 0,90% para 0,60%. Esses resultados foram influenciados positivamente pela desaceleração nos aumentos das tarifas de energia elétrica e pelos cortes nas passagens de ônibus urbano e metrô. No entanto, apesar dessas melhorias, o setor alimentício ainda exerce uma pressão considerável sobre os orçamentos familiares.
Na faixa de menor poder aquisitivo, o encarecimento dos alimentos respondeu por aproximadamente dois terços da inflação percebida no período, contribuindo com 0,36 pontos percentuais para a taxa final de 0,56%. Produtos como ovos, café, leite e tomate registraram altas expressivas, contrabalançando quedas em itens como arroz, feijão e carnes. Já entre as classes mais abastadas, o principal fator de elevação foi o aumento das passagens aéreas.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também refletiu essa tendência, com uma desaceleração geral de 1,31% em fevereiro para 0,56% em março. A análise realizada pelo Ipea separou os dados em seis categorias de renda familiar, evidenciando diferenças claras entre as experiências inflacionárias vividas pelas diversas camadas sociais.
A partir dessa avaliação detalhada, fica evidente que, embora alguns setores tenham proporcionado algum alívio, a questão dos preços dos alimentos permanece central na discussão econômica brasileira.
Este relatório revela a complexidade das dinâmicas inflacionárias no Brasil, onde diferentes segmentos populacionais enfrentam realidades distintas. Embora medidas recentes tenham ajudado a mitigar parte do impacto inflacionário, especialmente em áreas como energia e transporte, a pressão dos preços dos alimentos ainda é um desafio significativo, particularmente para as famílias mais vulneráveis. Isso reforça a necessidade de políticas públicas eficazes para garantir maior estabilidade nos preços essenciais e promover justiça social em meio às flutuações econômicas globais.