Impactos das Cheias no Abastecimento Alimentar do Amazonas

Mar 28, 2025 at 2:10 PM
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Aumento nos preços e escassez de produtos básicos têm marcado os meses de maior cheia dos rios na região amazônica. Em Manaus, alimentos como banana pacovã, açaí, cupuaçu, maracujá e macaxeira enfrentam dificuldades para alcançar as feiras e supermercados durante o período chuvoso. A Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea) alerta que tanto as inundações quanto as secas ocorrem em intervalos cada vez menores, impedindo a recuperação adequada das lavouras. Este cenário afeta não apenas os agricultores familiares, mas também os consumidores urbanos.

O excesso de umidade provocado pelas águas elevadas prejudica significativamente culturas essenciais para a alimentação local. De acordo com especialistas agrícolas, hortaliças e frutas típicas da região, como jerimum, inhame e alface, sofrem diretamente com o encharcamento dos solos. Paulo Menezes, engenheiro agrônomo e professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), explica que a falta de oxigênio nas raízes das plantas compromete seu desenvolvimento natural. Além disso, a rápida sucessão entre períodos de enchente e seca reduz o tempo necessário para reabilitação das áreas produtivas, exacerbando perdas econômicas e ambientais. Esses desafios refletem diretamente no custo final dos alimentos oferecidos aos consumidores.

Além do impacto direto sobre a agricultura, a pesca artesanal e a coleta extrativista enfrentam obstáculos semelhantes. Espécies como tambaqui e pirarucu migram para zonas menos acessíveis, tornando sua captura mais difícil e onerosa. Similarmente, a colheita de castanhas-do-Brasil e óleos vegetais sofre com o alagamento das áreas tradicionalmente exploradas. O transporte logístico também é afetado, uma vez que as estradas vicinais ficam alagadas, encarecendo ainda mais o escoamento da produção. Para mitigar esses problemas, Muni Lourenço, presidente da Faea, sugere estratégias como fortalecer práticas agrícolas sustentáveis em terras altas e melhorar a infraestrutura de transporte regional.

As condições climáticas extremas exigem uma resposta coordenada entre produtores, governos e comunidades locais. Ao investir em métodos adaptativos e promover políticas públicas inclusivas, é possível garantir a segurança alimentar da população amazônica enquanto preserva os ecossistemas únicos da região. A união desses esforços pode transformar desafios em oportunidades para construir um futuro mais resiliente e sustentável.