O Brasil enfrenta um desafio significativo no combate às fraudes envolvendo o azeite de oliva, um produto essencial na cesta básica nacional. Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura (Mapa), o azeite foi identificado como líder em adulterações entre produtos vegetais durante 2024. O programa PNFraude apreendeu mais de 112 mil litros de azeite falsificado no ano passado, com destaque para a Operação Getsêmani, que retirou cerca de 104 mil litros do mercado. Além disso, as práticas fraudulentas incluem misturas com óleos vegetais baratos e a venda de azeites inferiores sob rótulos premium.
No coração do problema está uma complexa rede de adulterações que afeta tanto importações quanto produções locais. A fraude mais comum consiste na adição de óleos refinados, como soja ou girassol, ao azeite original. Outro caso recorrente é a classificação incorreta, onde azeites virgens são vendidos como extravirgens. Renato Fernandes, presidente do Ibraoliva, alerta sobre a necessidade de intensificar as fiscalizações sensoriais, especialmente porque muitos dos produtos adulterados estão disponíveis nas principais redes varejistas brasileiras.
A origem das fraudes varia, mas muitas delas têm conexão com países exportadores como Portugal e Espanha, afetados recentemente por secas severas que elevaram os preços globais do azeite. Essa alta gerou impacto direto no consumidor brasileiro, que viu o preço do produto aumentar 17,24% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro. Em resposta, o governo federal decidiu zerar temporariamente o imposto de importação, medida que divide opiniões dentro do setor.
Para Fernandes, a decisão pode prejudicar ainda mais os produtores nacionais, que já enfrentam dificuldades por causa da concorrência desleal com produtos adulterados. Atualmente, a produção brasileira atinge aproximadamente 500 mil litros anuais, provenientes principalmente do Rio Grande do Sul. Apesar disso, a demanda interna segue crescendo, impulsionada pela preferência por azeites extra virgens, caracterizados por sua baixa acidez e métodos naturais de extração.
Por outro lado, consumidores têm se manifestado nas redes sociais sobre o alto custo do azeite, especialmente após a viralização de uma imagem mostrando o preço de R$ 39,99 para um óleo de bagaço de oliva da marca Olitalia. Esse tipo de produto, geralmente considerado inferior, ressalta a crescente preocupação com a acessibilidade financeira desse item básico.
Com medidas cada vez mais urgentes para proteger o consumidor e fortalecer o mercado interno, especialistas reforçam a importância de políticas públicas eficientes e controles rigorosos. O futuro do setor dependerá da capacidade de equilibrar preços competitivos com qualidade garantida, além de incentivar a produção local frente à onda de fraudes internacionais.