Um preso delator, identificado como Gilmar, descreveu em um vídeo de quase 50 minutos os detalhes de um falso atentado a tiros que ocorreu durante a campanha eleitoral no ano passado. O incidente feriu o então prefeito de Taboão da Serra, José Aprigio, e foi planejado para beneficiar sua reeleição. A operação policial denominada "Fato Oculto" desmascarou o esquema, revelando que o prefeito estava ciente do plano e que vários membros de seu grupo político estavam envolvidos.
Gilmar afirmou que foi contratado por Aprigio e seu grupo para criar uma farsa que pudesse chamar a atenção dos eleitores. Ele relatou que o prefeito queria um "susto" que pudesse ganhar destaque na mídia, similar a um atentado real. O delator mencionou que informou aos organizadores que o fuzil usado era capaz de furar blindagem, alertando-os sobre o perigo potencial. Apesar disso, o plano foi adiante, resultando em disparos contra o carro blindado do prefeito.
O ataque ocorreu em 18 de outubro de 2024, quando seis tiros perfuraram a blindagem do veículo, atingindo o ombro esquerdo de Aprigio de raspão. Os executores usavam um carro vermelho para simular o atentado. Gilmar e Odair Júnior de Santana foram os responsáveis pelos disparos, usando um fuzil AK-47 fornecido pelo próprio prefeito, que custou R$ 85 mil. As conversas entre os executores e os mandantes eram coordenadas por Anderson da Silva Moura e Clovis Reis de Oliveira.
A equipe do prefeito divulgou rapidamente um vídeo editado do ataque, destacando as lesões sofridas por Aprigio. No entanto, testemunhas relataram que o videomaker se concentrou em filmar o incidente em vez de socorrer o prefeito. As autoridades descobriram que o plano incluía incendiar o carro usado pelos atiradores após o ataque.
Além do prefeito, mais 15 pessoas estão sob investigação, incluindo três secretários municipais e o sobrinho do político. Se comprovada a participação de todos, eles poderão responder por associação criminosa, tentativa de homicídio e outros crimes. A intenção era reverter o resultado das urnas a favor de Aprigio, mas isso não ocorreu. A defesa do ex-prefeito nega as acusações, afirmando que ele é inocente e vítima do incidente.
A Operação Fato Oculto levou à prisão de alguns suspeitos e buscas em suas residências. O caso continua sendo investigado, e a Justiça ainda busca encontrar o fuzil usado na farsa. A colaboração premiada de Gilmar forneceu informações cruciais para a elucidação do caso, embora outras partes envolvidas mantenham sua inocência.