O aumento da inflação no Brasil tem forçado uma significativa mudança nos hábitos de consumo da população. De acordo com um estudo recente conduzido pelo Datafolha, cerca de 58% dos brasileiros reduziram a quantidade de alimentos adquiridos em comparação com períodos anteriores. Esse índice é ainda mais alarmante entre os grupos de menor renda, onde 67% afirmam enfrentar restrições financeiras que afetam diretamente suas compras de mantimentos. Além disso, oito em cada dez pessoas relataram alterações em seus comportamentos diários para lidar com os preços elevados, incluindo redução de saídas para refeições fora e substituição de marcas mais caras por opções acessíveis.
Com a escalada da inflação registrada em março, produtos como tomate, ovo e café tornaram-se símbolos dessa crise econômica. A pesquisa também destaca que as estratégias de economia vão além do setor alimentício, com diminuição no uso de água, luz e gás, bem como a busca por novas fontes de renda ou até mesmo a decisão de deixar de pagar dívidas. Essas mudanças são percebidas em diferentes faixas sociais, mas com nuances distintas dependendo do perfil político dos entrevistados.
A percepção pública sobre a responsabilidade pela alta dos preços varia amplamente conforme a intenção de voto. Enquanto eleitores de Romeu Zema e Tarcísio de Freitas atribuem grande parte da culpa ao governo Lula, apoiadores do petista tendem a culpar fatores externos, como produtores rurais e conflitos internacionais. Independentemente das causas percebidas, os dados mais recentes do IBGE revelam que a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,48%, sendo alimentação e bebidas os setores mais impactados.
Especialistas explicam que a volatilidade nos preços de itens essenciais se deve a uma combinação de fatores, como demanda crescente, problemas climáticos e questões globais. No caso específico do ovo, a retomada das atividades escolares e exportações influenciadas pela gripe aviária nos Estados Unidos contribuíram para o aumento. Já o café enfrenta desafios relacionados à safra, enquanto o tomate sofre com condições climáticas adversas durante o verão.
Por fim, observa-se um crescimento na percepção negativa sobre a economia nacional. Desde o final de 2024, houve um aumento de 10 pontos percentuais no número de brasileiros que consideram a situação econômica piorada, atingindo agora 55% da população. Esse cenário reflete não apenas nas avaliações sobre o governo atual, mas também nas decisões cotidianas de milhões de famílias em todo o país.
Esses números demonstram o impacto profundo da inflação sobre a vida dos brasileiros, evidenciando tanto as adaptações necessárias no dia a dia quanto as implicações políticas e econômicas mais amplas. A busca por soluções eficazes continua sendo um desafio central para as autoridades, especialmente em um contexto onde múltiplos fatores internos e externos convergem para agravar a situação financeira da população.