Um estudo recente conduzido pelo instituto Datafolha trouxe à tona a transformação nos hábitos de consumo da população brasileira em resposta ao aumento dos preços. Cerca de 58% dos entrevistados afirmam estar adquirindo menos alimentos do que o habitual, evidenciando o impacto direto da inflação sobre as famílias. Este fenômeno é ainda mais intenso entre os estratos mais desfavorecidos economicamente, com dois terços relatando uma redução significativa nas compras de gêneros alimentícios. O levantamento ressalta o desafio enfrentado pela população em meio ao cenário econômico adverso.

O relatório aponta que a maior parte dos cidadãos (80%) ajustou seus padrões de consumo como forma de lidar com a escalada dos custos. Entre as adaptações mencionadas estão a diminuição das refeições fora de casa e a substituição de marcas conhecidas por opções mais acessíveis financeiramente. Além disso, um número expressivo de indivíduos também está reduzindo o uso de serviços básicos, como água, eletricidade e gás, além de consumir menos bebidas e medicamentos.

A pesquisa destaca uma preocupação crescente em relação à disponibilidade de alimentos dentro dos lares brasileiros. Um quarto dos entrevistados declarou que não há comida suficiente em suas casas. Embora a maioria considere que a quantidade disponível é adequada, outros revelaram estar enfrentando dificuldades para manter uma reserva satisfatória de produtos essenciais.

No contexto político, a pesquisa investigou a percepção pública sobre a responsabilidade governamental na alta dos preços. A grande maioria dos participantes vincula diretamente a administração atual à situação, atribuindo tanto “muita responsabilidade” quanto “alguma culpa” ao governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. Estes dados refletem uma insatisfação generalizada com as políticas econômicas implementadas até o momento.

Realizado entre os dias 1º e 3 de abril, o estudo abrangeu 3.054 pessoas em 172 municípios brasileiros. Os resultados mostram que, dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais, não houve alterações substanciais desde o último levantamento, realizado em março deste ano.

Com o panorama econômico desafiador, os brasileiros continuam adaptando seu comportamento de consumo para enfrentar os aumentos nos preços dos itens básicos. Essas mudanças indicam um ajuste estrutural na maneira como as famílias gerenciam seus orçamentos, especialmente em tempos de incerteza financeira. Ao mesmo tempo, a responsabilização política ganha força como tema central nas discussões sobre a crise econômica nacional.