Em meio a um cenário global de desafios climáticos e econômicos, o Brasil enfrenta uma escalada prolongada nos preços dos alimentos. Este fenômeno não é transitório, mas sim parte de uma tendência de longo prazo que afeta a economia nacional e ameaça a segurança alimentar. A análise conduzida pelo diretor do FGV Ibre, Luiz Guilherme Schymura, destaca como mudanças climáticas, crises internacionais e deficiências estruturais locais contribuem para este aumento persistente.
No contexto de um mundo cada vez mais interconectado, os preços dos alimentos no Brasil vêm crescendo acima da média geral da inflação desde o início do século. Em particular, fatores como as alterações climáticas extremas e eventos globais têm impactado diretamente a produção agrícola. Durante o período recente, fenômenos como a pandemia de 2020/2021, a crise hídrica em 2021 e 2023, e a invasão russa da Ucrânia, um grande exportador de grãos, exacerbaram a situação.
No Brasil, estados como o Rio Grande do Sul sofreram severamente com inundações que reduziram significativamente a colheita de arroz. Além disso, ciclos recorrentes na pecuária levaram a aumentos temporários no preço da carne. Apesar de medidas propostas pelo governo, como incentivos fiscais, essas soluções são insuficientes frente à complexidade do problema.
Schymura enfatiza a necessidade de políticas públicas mais robustas voltadas para culturas básicas que abastecem a população brasileira. Isso inclui fortalecer a infraestrutura logística, aumentar a capacidade de armazenamento e promover investimentos em tecnologia agrícola. Atualmente, o país está prestes a alcançar uma safra recorde de grãos, estimada em mais de 328 milhões de toneladas, enquanto a capacidade de armazenamento permanece limitada a cerca de 210 milhões de toneladas.
Da perspectiva de um jornalista, fica evidente que o combate ao aumento dos preços dos alimentos requer uma abordagem holística e estrutural. O governo deve focar em melhorar a eficiência produtiva e a infraestrutura de suporte, garantindo que os esforços não prejudiquem outras áreas estratégicas do agronegócio. Este desafio reitera a importância de políticas de longo prazo que priorizem a segurança alimentar e o bem-estar da população.