O período de transição quando os filhos deixam o lar para seguir suas jornadas acadêmicas pode ser um momento de grande transformação para as famílias. Com o encerramento das matrículas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2025, muitos jovens brasileiros estão se preparando para iniciar seus estudos em universidades distantes. Este movimento traz consigo desafios emocionais significativos, especialmente para os pais que enfrentam a síndrome do ninho vazio. Especialistas em psicologia e terapia familiar oferecem orientações valiosas sobre como tornar essa passagem mais suave, destacando a importância de aceitar mudanças e promover o desenvolvimento independente dos jovens.
A saída dos filhos de casa marca uma fase crucial na vida dos pais, simbolizando o fim de um ciclo e o início de outro. Para muitos, isso significa lidar com sentimentos intensos de perda e insegurança. A psicoterapeuta Tai Castilho enfatiza que este é um período natural de separação psicológica, onde os pais precisam reconhecer que seus filhos estão prontos para voar sozinhos. É um momento delicado que exige compreensão e apoio mútuos. A psicóloga Anahy D’Amico complementa dizendo que a identidade dos pais está frequentemente ligada à criação dos filhos, fazendo com que a sua partida possa gerar uma sensação de vazio existencial. No entanto, ela ressalta que esse processo deve ser visto como uma etapa positiva tanto para os pais quanto para os filhos.
Maria Lúcia Oliveira, funcionária pública de 55 anos, compartilha sua experiência pessoal ao ver suas duas filhas partirem para estudar fora. Sofia, aos 26 anos, foi para Florianópolis, enquanto Luísa, aos 22, optou por um intercâmbio na Irlanda. Maria relata que sentiu profundamente a ausência de suas filhas, mas reconheceu que era importante permitir que elas seguissem seus próprios caminhos. Ela destaca que apesar da dor inicial, valorizava a liberdade e o crescimento das filhas. A psicóloga Anahy D’Amico explica que além do aspecto emocional, há também alterações na dinâmica familiar. Mesmo com ferramentas tecnológicas facilitando o contato, os pais podem sentir medo e ansiedade relacionados à segurança e bem-estar dos filhos. É fundamental que os pais confiem nas capacidades dos jovens e os encorajem a tomar decisões autônomas.
Para facilitar esta transição, especialistas recomendam que os pais mantenham uma comunicação aberta e honesta com seus filhos. Conversas francas sobre planos futuros e sentimentos ajudam a construir uma relação baseada no respeito mútuo. Além disso, oferecer apoio prático, como assistência financeira ou orientação sobre gestão doméstica, pode ser extremamente útil. Thiago Augusto de Souza, um pesquisador de 25 anos que saiu do interior da Paraíba para estudar em João Pessoa e posteriormente em São Paulo, ressalta a importância de planejar cuidadosamente antes da mudança. Ele sugere criar redes de apoio no novo ambiente e utilizar a nova liberdade como uma oportunidade para autoconhecimento.
Após a partida dos filhos, os pais enfrentam o desafio de redescobrir novos propósitos em suas vidas. Tai Castilho aconselha buscar atividades que tragam satisfação pessoal, seja através do lazer, amizades, trabalho ou até mesmo na própria relação conjugal. Esta fase pode ser vista como uma chance para reavaliar e fortalecer o vínculo afetivo entre os parceiros. Anahy D’Amico concorda, enfatizando que a independência dos filhos reflete o sucesso na criação deles. Ela conclui que embora a saída dos filhos possa ser dolorosa, ela representa um marco importante no desenvolvimento tanto dos jovens quanto dos pais, marcando o início de novas jornadas pessoais e familiares.