O atual modelo de produção alimentar, centrado em monoculturas extensivas e no uso intensivo de agrotóxicos e água, está sendo apontado como um dos principais fatores contribuintes para as mudanças climáticas e a redução da biodiversidade terrestre. Este sistema é responsável por aproximadamente um terço das emissões de gases do efeito estufa e consome cerca de 70% da água doce globalmente. Paradoxalmente, ele também demonstra fragilidades frente aos eventos climáticos extremos, como secas e inundações, que afetam negativamente a cadeia de suprimentos alimentares. Além disso, o aumento das emissões de dióxido de carbono pode levar à escassez de nutrientes essenciais na dieta humana, incluindo ferro, zinco e proteínas.
No contexto de discussões internacionais sobre sustentabilidade, especialistas destacam a necessidade de alternativas menos prejudiciais ao meio ambiente e mais resilientes às alterações climáticas. A conferência Nutrition for Growth (N4G), realizada em Paris, reuniu governos e especialistas para debater soluções inovadoras, como práticas de agroecologia e abordagens territoriais que aproveitam recursos locais e conhecimentos tradicionais. Arlène Alpha, pesquisadora francesa, defende modelos agrícolas baseados em serviços ecológicos e no empoderamento de pequenos produtores e consumidores.
A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, enfatizou a importância do equilíbrio entre o agronegócio e práticas sustentáveis, sugerindo que o apoio a agricultores familiares pode ser uma solução viável. Já os Emirados Árabes Unidos estão investindo em tecnologias e pesquisa científica para enfrentar desafios como altas temperaturas e baixa qualidade do solo. Amna Al Shamsi, ministra das Mudanças Climáticas do país, destaca metas ambiciosas, como a redução de desperdício agrícola em 50% até 2030.
O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas utiliza dados climáticos para prever e mitigar crises alimentares causadas por fenômenos extremos. Virginia Arribas, representante do WFP, ressalta a colaboração com instituições globais para antecipar e responder rapidamente a emergências climáticas.
A N4G busca compromissos concretos de diferentes setores para enfrentar desafios relacionados à nutrição e sustentabilidade. A cúpula ocorre a cada quatro anos, promovida por países anfitriões das Olimpíadas, com exceções como a edição de 2017 em Milão.
A transição para sistemas alimentares mais sustentáveis é vital para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Alternativas como a agroecologia e o uso de tecnologias inovadoras oferecem esperança para um futuro onde a segurança alimentar e a saúde ambiental possam coexistir harmoniosamente. A cooperação internacional, evidenciada pela N4G, é fundamental para impulsionar essa transformação necessária.