Sírios celebram o fim do Bashar al-Assad após cinco décadas de domínio dinástico

Dec 8, 2024 at 7:51 PM
O povo da Síria celebrou o fim de Bashar al-Assad e sonhou em um futuro melhor após cinco décadas de domínio dinástico. Com a fuga do ditador para Moscou, a população exultou e fez sinais da bandeira revolucionária síria. Fotos e vídeos mostram famílias se reencontrando após anos de separação e a liberdade que agora sentem. No domingo, o avanço rebelde surpreendeu e chegou à capital, com o eco de tiros e toques de corno.

A Sobrevivência da Revolução Síria após 13 Anos de Guerra

O Despedimento do Regime Assadiano

As multidões de pessoas agitaram a bandeira revolucionária síria e derrubaram estátuas e retratos do presidente e seu pai, Hafez. Na capital, Damasco, o som de tiros de alegria e toques de corno ecoou pelas ruas. Fotos e vídeos mostram famílias se abraçando em desespero e alegria, depois de anos de prisões e opressão. Outros riam e roubavam o palácio presidencial, admirando as riquezas que haviam sido escondidas.Mas isso não foi tudo. Havia uma sensação de desconforto e incerteza. Ainda não estava claro se Latakia e Tartus, as fortalezas costeiras do Assad, haviam caído aos rebeldes. E a luta continuava entre rebeldes turcos e grupos kurdos sírios na Manbij, na fronteira com a Turquia.

A Guerra Síria: Uma História Complicada

A Síria entrou em guerra mortífera no século 21, complicada pelas interesses das potências estrangeiras. Em 2011, o regime Assad começou um golpe brutal contra protestos pró-democracia da Primavera Árabe. Em 2015, foi salvo pelos aliados iranianos e russos, mas em 2020, o front-line ficou quieto. No entanto, no último mês, a guerra retomou com força, quando o grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) avançou em Alep.A Síria se tornou um teatro de guerra, envolvendo países vizinhos como o Iraque. Mais de 300.000 pessoas morreram e 100.000 desapareceram desde 2011. Metade da população foi deslocada de suas casas, com cerca de 5,4 milhões procurando abrigo no exterior.

A Perspectiva do Rebelde

Em uma transmissão na televisão estatal no domingo à tarde, um porta-voz rebelde disse: "Para aqueles que apostaram em nós e para aqueles que não, para aqueles que um dia acharam que estávamos quebrados, anunciamos a vitória da grande revolução síria após 13 anos de paciência e sacrifício."Para muitos sírios, essa era a hora de celebrar. Mas havia também reservas. Alguns residentes estavam cientes das violações dos direitos humanos das facções revolucionárias, particularmente as islâmicas. HTS e a Força Nacional Síria (SNA), apoiados pela Turquia, têm um histórico de abuso de poder. No entanto, naquele momento, a felicidade prevaleceu.

A Perspectiva Internacional

O secretário-general das Nações Unidas, António Guterres, elogiou o fim do "regime ditatorial" da Síria e pediu para que o país se reconstruísse. O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou o fim do governo Assad um "ato fundamental da justiça", mas também um "momento de risco e incerteza". Os EUA se engajariam com os atores sírios para estabelecer uma transição pacífica de poder.Já Israel lançou estrikes aéreas em depósitos de armas do regime e do Hezbollah em Damasco e no campo sul da Síria, temendo que fossem tomados pelos rebeldes. E as forças americanas disseram ter realizado dezenas de estrikes aéreas contra as forças do Estado Islâmico (EI) no centro da Síria.A Síria ainda tem muitos desafios à frente. O líder do HTS, Abu Mohammed al-Jolani, anunciou que o primeiro-ministro sírio, Mohammed Ghazi al-Jalali, ficaria em Damasco para liderar um governo transicional nos próximos meses. Mas a estabilidade e a paz ainda são um sonho a alcançar.