O povo da Síria celebrou o fim de Bashar al-Assad e sonhou em um futuro melhor após cinco décadas de domínio dinástico. Com a fuga do ditador para Moscou, a população exultou e fez sinais da bandeira revolucionária síria. Fotos e vídeos mostram famílias se reencontrando após anos de separação e a liberdade que agora sentem. No domingo, o avanço rebelde surpreendeu e chegou à capital, com o eco de tiros e toques de corno.
A Sobrevivência da Revolução Síria após 13 Anos de Guerra
O Despedimento do Regime Assadiano
As multidões de pessoas agitaram a bandeira revolucionária síria e derrubaram estátuas e retratos do presidente e seu pai, Hafez. Na capital, Damasco, o som de tiros de alegria e toques de corno ecoou pelas ruas. Fotos e vídeos mostram famílias se abraçando em desespero e alegria, depois de anos de prisões e opressão. Outros riam e roubavam o palácio presidencial, admirando as riquezas que haviam sido escondidas.Mas isso não foi tudo. Havia uma sensação de desconforto e incerteza. Ainda não estava claro se Latakia e Tartus, as fortalezas costeiras do Assad, haviam caído aos rebeldes. E a luta continuava entre rebeldes turcos e grupos kurdos sírios na Manbij, na fronteira com a Turquia.A Guerra Síria: Uma História Complicada
A Síria entrou em guerra mortífera no século 21, complicada pelas interesses das potências estrangeiras. Em 2011, o regime Assad começou um golpe brutal contra protestos pró-democracia da Primavera Árabe. Em 2015, foi salvo pelos aliados iranianos e russos, mas em 2020, o front-line ficou quieto. No entanto, no último mês, a guerra retomou com força, quando o grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) avançou em Alep.A Síria se tornou um teatro de guerra, envolvendo países vizinhos como o Iraque. Mais de 300.000 pessoas morreram e 100.000 desapareceram desde 2011. Metade da população foi deslocada de suas casas, com cerca de 5,4 milhões procurando abrigo no exterior.A Perspectiva do Rebelde
Em uma transmissão na televisão estatal no domingo à tarde, um porta-voz rebelde disse: "Para aqueles que apostaram em nós e para aqueles que não, para aqueles que um dia acharam que estávamos quebrados, anunciamos a vitória da grande revolução síria após 13 anos de paciência e sacrifício."Para muitos sírios, essa era a hora de celebrar. Mas havia também reservas. Alguns residentes estavam cientes das violações dos direitos humanos das facções revolucionárias, particularmente as islâmicas. HTS e a Força Nacional Síria (SNA), apoiados pela Turquia, têm um histórico de abuso de poder. No entanto, naquele momento, a felicidade prevaleceu.A Perspectiva Internacional
O secretário-general das Nações Unidas, António Guterres, elogiou o fim do "regime ditatorial" da Síria e pediu para que o país se reconstruísse. O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou o fim do governo Assad um "ato fundamental da justiça", mas também um "momento de risco e incerteza". Os EUA se engajariam com os atores sírios para estabelecer uma transição pacífica de poder.Já Israel lançou estrikes aéreas em depósitos de armas do regime e do Hezbollah em Damasco e no campo sul da Síria, temendo que fossem tomados pelos rebeldes. E as forças americanas disseram ter realizado dezenas de estrikes aéreas contra as forças do Estado Islâmico (EI) no centro da Síria.A Síria ainda tem muitos desafios à frente. O líder do HTS, Abu Mohammed al-Jolani, anunciou que o primeiro-ministro sírio, Mohammed Ghazi al-Jalali, ficaria em Damasco para liderar um governo transicional nos próximos meses. Mas a estabilidade e a paz ainda são um sonho a alcançar.