Seca isola Alvarães (AM) e gera aumento de preços de alimentos

Sep 24, 2024 at 12:12 PM

Alvarães: A Cidade Amazônica Enfrentando a Seca Histórica

Localizado às margens do Rio Solimões, o município de Alvarães, a 531 km de Manaus, enfrenta um desafio sem precedentes: a seca que assola a região. Com o nível do rio em queda acentuada, a cidade se vê isolada, enfrentando dificuldades no abastecimento e na produção de alimentos básicos. Moradores registram em vídeos e fotos a imensa área de areia que se formou, evidenciando o impacto devastador da estiagem.

Uma Paisagem Transformada: Do Rio à Praia de Areia

O Desaparecimento do Rio e a Emergência da Areia

O município de Alvarães, outrora banhado pelas águas do Rio Solimões, agora enfrenta uma realidade surpreendente. O rio, que antes era a principal via de acesso e abastecimento da cidade, praticamente desapareceu, dando lugar a uma imensa faixa de areia. Essa transformação drástica da paisagem tem impactado profundamente a vida dos moradores, que se veem obrigados a se adaptar a essa nova realidade.

O Isolamento da Cidade e as Dificuldades de Abastecimento

Com o nível do rio em queda acentuada, o porto da cidade já não recebe mais embarcações de médio e grande porte. Apenas pequenas canoas conseguem atracar na orla, dificultando o transporte de mercadorias e o abastecimento da população. Esse cenário forçou os moradores a se deslocarem a pé para obter os alimentos básicos, o que encarece significativamente os preços.

O Risco de Isolamento Total da Sede do Município

Segundo o secretário da Defesa Civil de Alvarães, Sidney Rodrigues da Silva, a situação é ainda mais grave do que no ano passado, com a "descida mais acelerada" das águas do rio. Ele alerta que a cidade corre o risco de ficar totalmente isolada, uma vez que as embarcações já não conseguem mais chegar ao cais da sede municipal, sendo obrigadas a atracar em uma comunidade a 30 minutos de distância.

A Formação de Blocos de Areia e os Desafios da Navegação

Além do isolamento, a navegação na orla da cidade também se tornou um desafio. A formação de blocos de areia dificulta até mesmo a passagem de pequenas embarcações, colocando em risco a circulação de pessoas e mercadorias. Essa situação representa um obstáculo adicional para a população, que precisa se adaptar a essa nova realidade.

O Risco de Incêndios Florestais

Outro ponto crítico destacado pelo secretário da Defesa Civil é o risco de incêndios florestais. Embora a situação não seja iminente, a equipe de vistoria tem realizado um trabalho intenso em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente para monitorar e prevenir possíveis focos de queimada.

O Impacto na Produção de Farinha e no Aumento dos Preços

A seca também afeta diretamente a produção de farinha, uma das principais fontes de renda da população local. Com a descida dos rios, os igarapés onde a mandioca é colocada de molho, etapa essencial para a fabricação da farinha, secaram. Isso compromete a renda das famílias e encarece o produto, uma vez que a produção é reduzida.

A Dificuldade de Locomoção e o Aumento dos Preços dos Alimentos

A moradora Iléia Duarte relata que a viagem de sua casa na comunidade do Juruamã até a sede do município, que antes levava cerca de uma hora, agora dura em média duas horas e meia. Essa dificuldade de locomoção, somada à escassez de produtos, tem impactado diretamente nos preços dos alimentos básicos, como linguiça, arroz e outros itens.

O Cenário de Emergência em Todo o Estado do Amazonas

Todos os municípios do estado do Amazonas estão em situação de emergência, decretada em junho pelo governador Wilson Lima. Segundo o Boletim da Defesa Civil, a estiagem já afeta 123.250 mil famílias, cerca de 492.962 mil pessoas em todo o estado. Na capital, Manaus, a cota do nível do Rio Negro está a 1,79 metros da cota histórica mínima registrada em 2023.