A luta por uma reforma agrária justa e eficaz continua sendo uma prioridade no Brasil, conforme destacado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante sua tradicional campanha anual conhecida como Abril Vermelho. Este movimento busca chamar a atenção da população e do governo para as desigualdades estruturais presentes no campo brasileiro. Durante o mês de abril, diversas iniciativas estão programadas em todo o território nacional, incluindo ocupações de grandes propriedades improdutivas, manifestações simbólicas e distribuição de alimentos.
As atividades planejadas visam lembrar datas significativas, como o Dia Internacional de Lutas pela Reforma Agrária, que ocorre em 17 de abril. Essa data marca os trágicos eventos de Eldorado dos Carajás, ocorridos em 1996, quando um conflito resultou na morte de 21 camponeses e deixou outros 69 gravemente feridos. Esse contexto histórico reforça a necessidade de mudanças profundas no modelo agrícola atual, centrado no agronegócio, que muitas vezes ignora questões sociais e ambientais. A coordenação nacional do MST enfatiza a urgência de repor o orçamento federal destinado à reforma agrária, argumentando que isso pode ajudar a sanar dívidas históricas com populações rurais e melhorar a qualidade de vida de milhares de famílias.
O momento é crucial para avanços concretos, especialmente considerando que cerca de 145 mil famílias vivem em acampamentos pelo país, muitas delas vinculadas ao MST. Apesar de recentes anúncios do governo Lula prometendo assentar 8% dessas famílias, representantes do movimento afirmam que essas medidas ainda são insuficientes diante das demandas atuais. Para eles, a reforma agrária não apenas combate a fome e reduz desigualdades, mas também contribui para enfrentar crises climáticas e controlar os preços dos alimentos. Por meio dessa jornada de mobilização, espera-se conquistar melhorias substanciais para as comunidades camponesas e promover um diálogo mais amplo com a sociedade sobre alternativas sustentáveis para a agricultura brasileira.
No coração das discussões está a defesa de práticas agroecológicas capazes de preservar a biodiversidade enquanto garantem segurança alimentar para milhões de brasileiros. Além disso, há um chamado para reconsiderar modelos produtivos que respeitem tanto a natureza quanto os direitos humanos. O objetivo maior é construir um futuro onde o campo seja visto não apenas como fonte de lucro econômico, mas como espaço vital para promoção da igualdade social e cuidado ambiental.