O vice-presidente Geraldo Alckmin propôs uma alteração no cálculo da taxa Selic, sugerindo que o Banco Central exclua os preços dos alimentos e da energia das suas considerações. Essa ideia gerou controvérsia, especialmente em um contexto de inflação elevada impulsionada por esses setores. Ricardo Hammoud, professor do Ibmec, criticou a abordagem, afirmando que ela pode mascarar o impacto real do aumento dos preços nos orçamentos familiares. Ele argumenta que essa medida seria inadequada no atual cenário econômico brasileiro.

Ricardo Hammoud ressalta que o momento não é propício para tal mudança, especialmente com a inflação sendo altamente influenciada pelos preços dos alimentos. Segundo ele, a sugestão poderia criar uma falsa impressão de estabilidade financeira. A proposta, na prática, reduziria a percepção do peso da inflação no cotidiano das pessoas, tornando-a aparentemente mais branda do que realmente é. Com isso, haveria um risco significativo de desinformação sobre o verdadeiro estado da economia.

Hammoud acrescenta que a exclusão desses itens pode levar à distorção dos dados reais. Ele explica que, ao retirar alimentos e energia da análise, a inflação parecerá menor do que realmente está. Isso poderia enganar consumidores e investidores, fazendo-os subestimar os efeitos reais do aumento dos preços em suas vidas diárias. Ainda mais preocupante, essa abordagem pode comprometer a transparência das políticas monetárias conduzidas pelo Banco Central.

No Brasil, onde a inflação tem sido historicamente alta, manter uma visão clara sobre os impactos econômicos é essencial. A decisão de excluir certos itens poderia ter consequências negativas para as famílias, que já enfrentam dificuldades com o aumento dos custos de vida. Portanto, especialistas como Hammoud defendem que medidas como essa devem ser analisadas com cautela, evitando decisões precipitadas em momentos delicados.

A discussão levanta questões importantes sobre como as políticas econômicas devem ser formuladas em tempos de instabilidade. Para Hammoud, é crucial priorizar a precisão dos dados e garantir que as ferramentas utilizadas pelo Banco Central reflitam fielmente a realidade econômica. Ignorar esse princípio pode resultar em consequências indesejadas tanto para o governo quanto para a população.