A prática preocupante de clareamento da pele em crianças tem crescido no norte da Nigéria, levando a sérias consequências para a saúde. Fátima, uma mãe que preferiu alterar seu nome por razões de segurança, enfrenta um dilema ao ver seus filhos sofrendo fisicamente e emocionalmente devido ao uso desses produtos. Seus filhos apresentam queimaduras e cicatrizes profundas após tentativas de clarear sua pele. Além disso, suas filhas adolescentes são alvo de discriminação social, sendo erroneamente acusadas de vício em drogas.
O fenômeno do clareamento da pele está enraizado em preconceitos culturais sobre beleza e status. Segundo especialistas, muitos pais na Nigéria utilizam esses produtos para "proteger" seus filhos contra possíveis preconceitos relacionados à cor da pele. Zainab Bashir Yau, proprietária de um spa dermatológico em Abuja, afirma que cerca de 80% das mulheres que conheceu já aplicaram ou planejam aplicar cremes clareadores em seus filhos. No mercado popular de Kano, é possível encontrar uma vasta gama de produtos, alguns dos quais contêm ingredientes perigosos como hidroquinona e ácido kójico. Esses ingredientes não apenas danificam a pele, mas também podem causar problemas renais e inflamações graves.
A situação exige medidas urgentes para conscientizar os consumidores sobre os riscos associados ao uso inadequado desses produtos. Leonard Omokpariola, funcionário de uma agência governamental, relata esforços para educar a população e apreender produtos ilegais nas fronteiras do país. Apesar das dificuldades, há esperança de mudança. Fátima agora se dedica a alertar outros pais sobre os perigos desse comportamento, compartilhando sua experiência pessoal. A luta contra o preconceito baseado em cor deve ser abordada não apenas pela saúde física, mas também pelo respeito às diferenças individuais e pela construção de uma sociedade mais inclusiva.