No dia 8 de setembro, em Curitiba, ocorreu um evento significativo que destacou o papel do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na promoção das cozinhas solidárias. Autoridades locais e nacionais, juntamente com representantes da agricultura familiar e movimentos sociais, debateram estratégias para ampliar o impacto desse programa em comunidades vulneráveis. Durante a ocasião, ficou evidente a relevância do PAA como ferramenta de combate à fome e incentivo à produção local. O evento também trouxe à tona os desafios enfrentados pelas cozinhas solidárias e as iniciativas recentes para integrá-las ao sistema público.

O encontro reuniu figuras importantes, incluindo Lilian Rahal, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, e Darci Piana, governador em exercício do Paraná. Entre outros participantes, estiveram presentes membros do Ministério do Desenvolvimento Agrário, lideranças comunitárias e organizações não governamentais. Valmor Bordin, superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), explicou detalhes sobre as modalidades do PAA aplicadas às cozinhas solidárias, como a compra direta e a doação simultânea.

A implementação dessas práticas permitiu identificar e formalizar novas unidades de cozinhas no estado. Após seis meses de execução, foram encontradas 71 cozinhas no Paraná, mas apenas duas delas já faziam parte do programa oficialmente. Para expandir esse número, entidades intermediárias começaram a operar, distribuindo alimentos adquiridos pela Conab a mais de dez cozinhas adicionais.

Carlos Finhler, representante da Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária do Paraná (ACAP), ressaltou a importância de políticas públicas que garantem preços justos aos produtores rurais. Ele mencionou que a ACAP destina grande parte de sua produção ao PAA, promovendo alimentação saudável e diversificada. Criado em 2003, o PAA tem como objetivo principal fortalecer a agricultura familiar enquanto combate a insegurança alimentar.

Após anos de redução orçamentária durante o governo anterior, o programa foi revitalizado em 2023, com recursos previstos para atingir R$ 1 bilhão até 2025. Essa retomada coincide com a criação do Programa Nacional de Cozinhas Solidárias, que utiliza a modalidade de doação simultânea para conectar agricultores familiares com comunidades carentes.

Gabriel Teixeira, coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), enfatizou o caráter social das cozinhas solidárias. Ele afirmou que esses espaços surgiram da necessidade de lutar contra a fome durante a pandemia e continuam sendo fundamentais para garantir direitos básicos à população brasileira. Lilian Rahal destacou ainda o papel dessas iniciativas em áreas onde o Estado tradicionalmente tem dificuldades de acesso.

Por fim, a contribuição das mulheres nas cozinhas mereceu atenção especial. Gabriel reconheceu o trabalho árduo realizado por elas, muitas vezes em regiões periféricas ou remotas. Esse envolvimento demonstra o impacto transformador das cozinhas solidárias na vida das comunidades locais.

O retorno do PAA e a expansão das cozinhas solidárias refletem uma nova fase na política pública brasileira, centrada na inclusão social e na segurança alimentar. Esses esforços conjuntos visam garantir que cada pessoa tenha acesso à alimentação digna e nutritiva, fortalecendo tanto a economia local quanto as relações comunitárias. A integração entre governo, agricultores e movimentos sociais torna-se fundamental para alcançar resultados duradouros nesse campo.