Pais podem escolher os amigos dos filhos? Entenda os riscos de interferir nas relações das crianças

Sep 27, 2024 at 8:02 AM
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Amizades Infantis: Quando os Pais Devem Intervir?

As amizades infantis desempenham um papel crucial no desenvolvimento da personalidade e socialização das crianças. No entanto, quando os pais percebem que uma amizade pode representar riscos, surge a dúvida sobre a melhor forma de intervir. Este artigo explora as nuances dessa delicada situação, oferecendo orientações para que os pais possam agir de maneira assertiva e construtiva.

Orientando os Filhos na Escolha de Amizades Saudáveis

Identificando Comportamentos Preocupantes

Quando Marcela, mãe de Pedro, de 10 anos, notou que o amigo Gabriel apresentava comportamentos inadequados, como desrespeito a professores e uso de palavrões, ela decidiu intervir. Embora quisesse evitar excluir o garoto, Marcela acreditava que a amizade poderia ser prejudicial para o filho.

Marcela optou por limitar o convívio entre os meninos fora do ambiente escolar, permitindo apenas a participação de Gabriel em festas e eventos com os demais colegas. Essa decisão, apesar de difícil, visava proteger Pedro de uma possível má influência.

A psicóloga Joanna Carvalho ressalta que os pais devem estar atentos a sinais de comportamentos preocupantes em amizades dos filhos, como agressividade, desrespeito a autoridades e dificuldade em seguir regras. Esses fatores podem indicar a necessidade de uma intervenção cuidadosa.

Dialogando com os Filhos

Ao tomar a decisão de interferir em uma amizade, Marcela procurou conversar com Pedro de maneira aberta e compreensiva. Ela explicou suas preocupações, sem usar termos pesados ou julgamentos, e buscou fazer com que o filho entendesse os motivos por trás da medida.

Joanna Carvalho recomenda que os pais evitem simplesmente proibir a amizade ou forçar um afastamento. Em vez disso, devem dialogar com a criança, expondo suas preocupações de forma clara e racional, e estimular a reflexão sobre os comportamentos do amigo.

A especialista sugere que os pais façam perguntas que levem a criança a pensar criticamente sobre a amizade, como "Que tipo de amigo você gostaria de ter?" ou "O que você gosta e o que você não gosta no seu amigo?". Dessa forma, a criança pode chegar a suas próprias conclusões sobre a conveniência da amizade.

Respeitando a Autonomia da Criança

Joanna Carvalho ressalta que os pais não devem tratar as amizades dos filhos como objetos de posse ou acessórios removíveis. As crianças precisam ter autonomia para descobrir quem elas querem ter por perto.

Marcela reconhece essa necessidade de autonomia e afirma que não tem a ilusão de poder escolher os amigos dos filhos. Sua intenção é orientá-los, mas a decisão final cabe às crianças.

A psicóloga enfatiza que a interferência dos pais deve ser acompanhada de diálogo e respeito à individualidade da criança. Proibir ou forçar um afastamento pode gerar consequências negativas, como o aumento da rejeição e problemas de comportamento.

Benefícios e Riscos da Intervenção Parental

Estudos apontam que a desaprovação materna de uma amizade pode ter efeitos contraproducentes, como o aumento da rejeição da criança cujos pais desaprovam a amizade e a piora dos problemas de comportamento.

Por outro lado, pesquisas também indicam que crianças cujos pais são mais atentos às amizades e referências dos filhos têm menor propensão a sofrer com exclusão e problemas de socialização.

Joanna Carvalho ressalta que a chave está na forma como a intervenção é realizada. Quando os pais orientam e dialogam com a criança, em vez de simplesmente proibir, a chance de obter resultados positivos é maior.

Construindo Relações Saudáveis

Marcela reconhece que, embora a decisão de limitar a amizade entre Pedro e Gabriel tenha sido difícil, ela acredita ter tomado a melhor escolha para o bem-estar do filho. Mesmo com o afastamento, os meninos mantiveram a amizade dentro do ambiente escolar.

A psicóloga Joanna Carvalho enfatiza que os pais devem orientar os filhos sobre o tipo de pessoa que eles devem ter por perto, mas sem impor suas próprias preferências. O objetivo é ajudar a criança a desenvolver habilidades de discernimento e a construir relações saudáveis.

Ao final, Marcela conclui que, como pais, seu papel é orientar, mas não decidir sobre as relações dos filhos. A decisão final cabe às crianças, cabendo aos pais oferecer o suporte e a orientação necessários para que elas possam fazer escolhas conscientes e construtivas.