Inflação Impacta Rotina dos Brasileiros e Desafia Popularidade de Lula

Apr 14, 2025 at 12:02 PM
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O aumento contínuo dos preços tem transformado a vida cotidiana dos brasileiros, emergindo como um dos principais desafios para a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com uma pesquisa recente realizada pelo Datafolha, 58% da população reduziu o volume de alimentos adquiridos nos últimos meses em decorrência do aumento inflacionário. Esse fenômeno é ainda mais intenso entre os estratos mais vulneráveis economicamente: dois terços das pessoas com renda equivalente ou inferior a dois salários mínimos relataram cortes nas compras de alimentos. Além disso, mudanças nos hábitos de consumo estão amplamente disseminadas, com medidas que incluem a troca de marcas mais caras por opções acessíveis e a diminuição no consumo de bens essenciais.

A pesquisa entrevistou 3.054 indivíduos em 172 cidades durante o período de 1º a 3 de abril, com uma margem de erro de dois pontos percentuais. Os dados revelam que metade da população ajustou seu consumo de recursos básicos, como água, energia elétrica e gás. Para outros, foi necessário buscar alternativas de renda adicionais ou sacrificar itens importantes, como medicamentos e pagamentos de dívidas. Esses esforços refletem a necessidade crescente de famílias brasileiras reequilibrarem seus orçamentos domésticos.

Além disso, a percepção pública sobre o estado econômico do país também sofreu uma deterioração significativa. Atualmente, 55% dos entrevistados afirmam que as condições financeiras nacionais pioraram nos últimos meses, marcando um aumento de dez pontos percentuais em relação ao final de 2023. Este cenário negativo é inédito durante o terceiro mandato de Lula.

Os aumentos nos preços de produtos essenciais, particularmente alimentos como tomate, ovos e café moído, têm sido identificados como fatores fundamentais para o aumento da insatisfação popular. A pesquisa aponta que 54% dos brasileiros atribuem grande responsabilidade ao governo Lula pela elevação dos custos alimentares, enquanto outros 29% consideram que há alguma culpa envolvida. Mesmo entre eleitores declarados do presidente, a maioria reconhece algum nível de responsabilidade governamental nesse contexto.

A análise pública vai além, mencionando outros possíveis agentes contribuintes para a inflação, como eventos climáticos extremos, tensões internacionais e práticas dos produtores rurais. Entre as classes menos favorecidas economicamente, há maior ênfase na responsabilidade governamental e dos agricultores, enquanto os segmentos mais abastados tendem a destacar influências externas globais.

Apesar do incremento na aprovação do governo Lula, passando de 24% em dezembro para 29% em abril, a reprovação permanece elevada em 38%. A alta nos preços, especialmente relacionada aos alimentos, continua sendo um obstáculo crucial para a recuperação da imagem presidencial. Embora o governo tenha implementado medidas como a isenção temporária de impostos de importação, os resultados dessas iniciativas ainda não foram percebidos amplamente pela população.

As estratégias de contenção de gastos demonstram a resiliência e adaptação das famílias brasileiras diante de dificuldades econômicas crescentes. No entanto, o desafio de restaurar a confiança pública exige soluções efetivas capazes de mitigar os impactos da inflação sobre o poder de compra da população.