O aumento generalizado dos preços tem transformado o cotidiano de milhões de brasileiros, conforme aponta uma pesquisa recente realizada pelo Datafolha. Os dados revelam que mais da metade da população ajustou seus hábitos diários para lidar com os desafios econômicos. A alta dos alimentos, em especial itens básicos como tomate, ovos e café, tornou-se um tema central na percepção pública sobre a gestão atual. Além disso, a insatisfação reflete diretamente no apoio ao governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, cuja popularidade enfrenta dificuldades para se recuperar.

A crise econômica tem forçado mudanças profundas nos padrões de consumo das famílias brasileiras. De acordo com o estudo, 58% dos entrevistados relataram ter reduzido a quantidade de alimentos adquiridos nos últimos meses. Essa tendência é ainda mais marcante entre as camadas mais vulneráveis, onde dois terços dos indivíduos com renda equivalente ou inferior a dois salários mínimos declararam cortes significativos nas compras de comida. Além disso, outros hábitos foram modificados, como diminuir saídas para restaurantes, trocar marcas mais acessíveis de produtos essenciais e até mesmo consumir menos certos itens.

Os impactos vão além do setor alimentício. O levantamento indica que metade dos brasileiros está economizando recursos naturais, como água e energia elétrica, enquanto quase metade busca alternativas para aumentar suas fontes de renda. Outros sacrifícios incluem a redução no consumo de medicamentos e o adiamento de pagamentos de dívidas e contas domésticas. Tais estratégias demonstram a extensão dos esforços feitos pelas famílias para equilibrar orçamentos sob pressão.

A percepção negativa sobre a economia nacional também cresceu consideravelmente. Cerca de 55% dos entrevistados afirmaram que a situação econômica do país piorou nos últimos meses, representando um aumento de dez pontos percentuais em relação ao final de 2023. Esse cenário coloca o governo em evidência, já que a maioria dos cidadãos atribui grande responsabilidade à administração Lula pela escalada inflacionária. Independentemente de alinhamentos políticos, a maior parte da população reconhece algum nível de culpa do presidente nesse contexto.

No entanto, a opinião pública divide culpas entre fatores internos e externos. Crises climáticas, conflitos globais e práticas dos produtores rurais são igualmente mencionados como contribuintes para o problema. Enquanto grupos de menor poder aquisitivo tendem a responsabilizar mais o governo e os agricultores, aqueles com maior renda destacam influências internacionais, como guerras e instabilidades econômicas em países desenvolvidos.

Apesar de medidas governamentais, como a isenção de impostos de importação, os reflexos positivos ainda não foram percebidos amplamente. A aprovação do governo Lula apresenta leve crescimento, mas permanece abaixo da reprovação. Para muitos analistas, controlar a inflação continuará sendo um dos principais desafios a serem superados para restaurar a confiança da população.