Impactos da Estiagem e das Queimadas nos Preços dos Alimentos

Embora a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) tenha divulgado uma queda nos preços de sua cesta Abrasmercado em agosto, a projeção é de que os próximos meses registrem aumentos devido aos efeitos da estiagem prolongada e das queimadas no país.

Conheça os Principais Fatores que Impulsionarão os Preços dos Alimentos

Impactos da Estiagem na Oferta de Verduras, Frutas e Legumes

A Abras alerta que, no curto prazo, a estiagem prolongada deve afetar a oferta de verduras folhosas, frutas e legumes, impactando diretamente os preços ao consumidor até o final do ano. Isso ocorre porque a falta de chuvas prejudica a produção desses itens, reduzindo a disponibilidade no mercado.Além disso, a entidade prevê que o preço do café torrado e moído também deve continuar pressionado, acumulando alta de 20% no ano. Esse aumento está relacionado aos efeitos da seca sobre a safra cafeeira, que impactam diretamente o custo da matéria-prima.

Impactos das Queimadas no Preço do Açúcar e das Proteínas Animais

As queimadas também devem elevar os preços do açúcar, uma vez que elas reduzem a oferta desse produto, enquanto a demanda continua aquecida, tanto pelo consumo das famílias quanto pela utilização como insumo pelas indústrias de alimentos, bebidas e farmacêutica.Além disso, as queimadas afetam as áreas de pastagens, aumentando os custos dos pecuaristas com a alimentação do gado. Esses custos adicionais são repassados ao longo da cadeia produtiva, chegando até o consumidor final na forma de preços mais altos para as carnes.

Sazonalidade e Exportações Impulsionam Preços das Carnes

Tradicionalmente, os preços das carnes tendem a ser mais elevados no segundo semestre, devido à chegada das festas de fim de ano e ao aumento das exportações nesse período. Essa maior demanda, tanto interna quanto externa, pressiona os preços das proteínas animais.Além disso, quando o preço da carne bovina sobe, isso acaba puxando a demanda por outras proteínas, como frango e suínos. Essa maior procura também contribui para a elevação dos preços dessas outras carnes.

Consumo em Alta Apesar da Inflação

Apesar dos desafios relacionados à oferta e aos preços, o consumo nos lares brasileiros registrou alta de 2,54% até o final de agosto, atingindo o patamar projetado pela Abras para o crescimento do setor no ano.Esse aumento no consumo foi impulsionado pela segunda queda consecutiva nos preços dos alimentos e bebidas para consumo domiciliar, com recuo de 0,73% em agosto. Além disso, a sazonalidade do Dia dos Pais e o efeito-calendário, com um final de semana a mais em agosto, também contribuíram positivamente.A Abras destaca que o recuo da inflação no grupo de alimentos e bebidas, bem como o crescimento gradual do emprego formal e as transferências de recursos dos programas sociais do governo federal, têm favorecido o consumo em domicílio, mesmo diante dos desafios de oferta e preços.