O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil registrou uma desaceleração significativa em março, com um aumento de 0,56%, comparado a 1,31% no mês anterior. Este dado foi revelado pelo IBGE em 11 de abril. Apesar da redução mensal, o índice acumulado nos últimos doze meses atingiu 5,48%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2025, que é de 4,5%. O grupo de alimentação e bebidas liderou as altas, particularmente produtos como tomate, café moído e ovos, enquanto outros itens, como óleo de soja e arroz, apresentaram quedas. A inflação segue pressionada por aumentos nos preços dos alimentos, mas especialistas não veem mudanças imediatas na política monetária.
A desaceleração do IPCA em março ocorreu em meio a um cenário complexo de pressões inflacionárias. O destaque ficou por conta do setor de alimentação e bebidas, responsável por cerca de metade da inflação do mês. Produtos essenciais como tomate, café moído e ovos registraram elevações substanciais, impulsionados por fatores climáticos e sazonais. Por exemplo, o calor intenso durante o verão acelerou a maturação do tomate, alterando ciclos de colheita e reduzindo temporariamente a oferta. No caso dos ovos, o aumento foi atribuído à elevação dos custos de produção associados ao preço do milho, além de maior demanda durante o período da quaresma.
No entanto, nem todos os itens seguiram essa tendência. Produtos como óleo de soja, arroz e carnes apresentaram reduções ou variações menores. Esses ajustes ajudaram a mitigar parte das pressões sobre o índice geral. Além disso, o grupo transportes também contribuiu para a inflação, com aumentos nas passagens aéreas, gasolina e combustíveis diversos. Em contrapartida, a energia elétrica residencial desacelerou consideravelmente, diminuindo sua influência no resultado final.
O impacto desses movimentos foi sentido diferentemente entre diferentes grupos sociais. O INPC, índice utilizado como referência para reajustes do salário mínimo e benefícios sociais, refletiu alta de 0,51% em março, mantendo-se acima dos índices anteriores. Especialistas destacam que, apesar das pressões nos preços de alimentos, o núcleo da inflação e os serviços permanecem relativamente estáveis, sem indicativos claros de piora sustentada.
O panorama atual sugere continuidade na abordagem monetária adotada pelo Banco Central. Após elevar a taxa Selic em um ponto percentual no último mês, alcançando 14,25%, há expectativa de ajustes mais moderados nas próximas reuniões. Analistas econômicos afirmam que, embora a inflação ainda esteja acima do desejável, os dados recentes não justificam alterações drásticas na condução da política monetária. Assim, o foco continua sendo o controle gradual das pressões inflacionárias sem comprometer a recuperação econômica do país.