O aumento significativo no custo de insumos alimentícios tem gerado preocupações entre empresários e economistas em Santa Catarina. No caso específico do café, o preço por saca no mercado internacional disparou quase 110% desde abril de 2024, refletindo uma combinação de fatores econômicos e climáticos. Esse cenário está influenciando diretamente a indústria local, que enfrenta dificuldades para manter margens de lucro enquanto ajusta suas estratégias frente às novas condições do mercado.
A análise conduzida pelo economista Marcelo Albuquerque destaca como as altas nos preços dos alimentos afetam não apenas os produtos primários, mas também toda a cadeia produtiva. Ele explica que a melhoria da renda populacional, associada à valorização do dólar e ao aumento das exportações, pressionou positivamente o consumo interno, levando a um repasse gradual desses custos aos consumidores finais. Essa dinâmica é particularmente evidente no setor cafeeiro, onde a redução na oferta brasileira – maior produtor mundial – elevou drasticamente o valor do café arábica.
No contexto catarinense, representantes da indústria relatam perdas substanciais. Micheli Polli Silva, presidente da Câmara de Alimentos e Bebidas da Fiesc e CEO do Grupo Jurerê, menciona quedas de até 70% no faturamento de algumas empresas do ramo. Diante dessa adversidade, ela sugere que as organizações revisitem suas operações internas e explorem mercados externos como forma de mitigar os impactos. “É essencial reavaliar práticas atuais e buscar alternativas para sustentar o negócio”, ressalta.
Outros segmentos, como a panificação, também sentem os efeitos, embora em menor escala. Ramiro Cardoso, presidente da Câmara da Panificação e Confeitaria da Fiesc, aponta que aumentos nos preços de óleos vegetais e outros insumos estão sendo incorporados aos produtos industrializados. Para ele, investir em inovação e otimização de processos é fundamental neste período desafiador. Além disso, a volatilidade cambial contribui para encarecer itens importados, ampliando ainda mais os desafios enfrentados pelas empresas.
À medida que os custos continuam a ser repassados, há expectativa de que medidas estruturais possam ajudar a estabilizar o cenário. Enquanto isso, especialistas recomendam cautela e adaptação constante às mudanças do mercado global. A busca por eficiência operacional e diversificação de fontes de receita parece ser o caminho adotado por muitas indústrias para atravessarem esse momento turbulento.
Diante desse panorama complexo, os agentes econômicos de Santa Catarina buscam soluções criativas para minimizar os impactos causados pela alta inflacionária. Com ajustes internos e olhos voltados para oportunidades externas, espera-se que o setor consiga preservar sua competitividade global sem comprometer a qualidade dos produtos oferecidos aos consumidores locais e internacionais.