Aumento da Selic Impacta Setor Agrícola e Economia Brasileira

Mar 19, 2025 at 10:23 PM
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O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira um aumento significativo na taxa básica de juros, a Selic, elevando-a de 13,25% para 14,25%. Essa decisão unânime reflete a preocupação das autoridades monetárias com o controle inflacionário em meio a desafios fiscais crescentes. Especialistas do setor agronegócio alertam que esse ajuste pode tornar o crédito mais caro, afetando diretamente o custeio, comercialização e investimentos na produção agrícola. Além disso, há preocupações sobre possíveis repasses desses aumentos aos preços dos alimentos no varejo.

Leandro Gilio, professor e pesquisador do Centro de Agronegócio Global do Insper, destaca que o impacto dessa medida será sentido mesmo dentro do Plano Safra, previsto para o ciclo 2025/2026. Segundo ele, os altos juros já dificultaram a equalização fiscal este ano, um problema que deve se intensificar nos próximos períodos. "Esse cenário pode reduzir o dinamismo econômico, enfraquecendo a demanda interna", explica Gilio.

Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro, analisa que o comunicado emitido pelo Banco Central foi crucial para entender as motivações por trás da decisão. Ele ressalta que o BC reconhece uma série de incertezas externas que exigem cautela nas políticas monetárias adotadas. "O mercado de trabalho e a atividade econômica nacional estão apresentando sinais mistos, embora haja indícios de moderação recente", disse Serigati.

No entanto, o Copom sinalizou que um novo aumento poderá ocorrer na próxima reunião, mas com menor magnitude. Esse movimento visa ajustar gradualmente a política monetária conforme a economia responde às mudanças implementadas.

Embora o aumento da Selic seja uma medida necessária para controlar a inflação, especialistas destacam que a falta de resultados concretos no campo fiscal por parte do governo pode comprometer ainda mais a estabilidade econômica. O ajuste dos juros básicos representa um passo importante, mas requer acompanhamento constante para mitigar seus efeitos colaterais sobre a produção agrícola e o consumo interno.