Filhos e carreira: por que as empresas devem facilitar essa combinação
Aug 2, 2024 at 3:07 PM
Equilíbrio entre Família e Carreira: Como as Empresas Podem Apoiar Pais e Mães
A maternidade é um dos principais fatores responsáveis pela existência do "degrau quebrado" - o fato de que há poucas mulheres em cargos de liderança nas empresas, apesar de serem maioria nas faculdades. Quase metade das profissionais (48%) acaba saindo do mercado de trabalho após ter filhos. No entanto, algumas empresas estão implementando políticas inovadoras para ajudar seus funcionários a conciliar família e carreira, beneficiando tanto os colaboradores quanto os negócios.Apoiando Pais e Mães: Um Investimento Valioso para as Empresas
Criando uma Cultura de Bem-Estar Parental
Uma cultura organizacional que valoriza o bem-estar dos pais e mães considera o contexto familiar de seus colaboradores e normaliza o fato de que eles têm necessidades específicas. Nesse tipo de ambiente, os funcionários podem se ausentar para compromissos familiares sem medo de retaliação, e os líderes estão preparados para reorganizar suas equipes durante licenças-maternidade e receber as mães de volta.Construir essa cultura não é algo que acontece da noite para o dia. Requer planejamento, implementação e manutenção de benefícios específicos, um projeto de sensibilização e convencimento das lideranças, e um estímulo contínuo a determinados comportamentos. É um processo de longo prazo, mas que traz resultados significativos.Diversidade e Inovação: Os Benefícios para os Negócios
Empresas que adotam políticas de bem-estar parental tendem a ter profissionais mais produtivos e maior equidade de gênero em seus quadros, de acordo com pesquisas. Isso se deve ao fato de que a diversidade é comprovadamente benéfica para os negócios.Estudos mostram que 75% das empresas que investem em diversidade e inclusão (D&I) excedem suas metas financeiras, e organizações diversas têm 45% de sua receita proveniente de inovação - uma diferença de 19% em relação a empresas menos engajadas nesse tema.Quando uma empresa reflete a diversidade da sociedade em seu quadro de funcionários, ela consegue atender melhor às necessidades de seus clientes e desenvolver produtos e serviços mais relevantes. Isso impacta positivamente a percepção da marca entre consumidores e demais stakeholders.Retenção de Talentos: Um Investimento de Longo Prazo
Investir em políticas que ajudem os funcionários a conciliar filhos e carreira significa, muitas vezes, permitir que as mulheres continuem no mercado de trabalho e incentivá-las, assim como seus colegas, a permanecer em suas empresas.Afinal, quando uma profissional experiente e pronta para ser promovida pede demissão ao engravidar, a empresa perde anos de investimento em seu desenvolvimento. Portanto, criar uma cultura de bem-estar parental é uma estratégia valiosa para reter talentos.Contrariando o mito de que isso é caro, especialistas afirmam que muitas vezes as iniciativas que fariam diferença são de baixo custo financeiro. O importante é fazer um benchmarking adequado e entender as reais necessidades dos colaboradores.Licença-Paternidade Estendida: Um Passo Essencial
Uma das principais políticas mencionadas por especialistas em cultura de bem-estar parental é a licença-paternidade estendida e remunerada. Isso porque, além de promover uma conexão maior entre pais e filhos, prazos maiores de licença para os homens podem acabar com o viés de gênero nos processos seletivos.Afinal, se todos precisam se ausentar com a chegada de um bebê, as empresas não podem apontar a maternidade como um empecilho para contratar e treinar mulheres. Isso representa um ponto importante para a equidade de gênero.Atualmente, a duração média da licença-paternidade no mundo é de nove dias. No Brasil, estamos abaixo dessa média, junto a países como Vietnã, Zâmbia e Nicarágua. Especialistas defendem que as regras da licença precisam ser revistas, pois a participação das mulheres no mercado de trabalho e a distribuição desigual das tarefas de cuidado tornam essa questão mais urgente do que nunca.Implementando Licenças-Paternidade Estendidas
Algumas empresas brasileiras já estão na vanguarda, implementando modelos de licença-paternidade estendida. É o caso do Grupo Boticário, Cielo, Diageo, Gerdau, Hospital Albert Einstein e Sanofi, todas auxiliadas pela consultoria Filhos no Currículo.Essas iniciativas, no entanto, nem sempre são um sucesso de imediato. Pode haver resistência por parte dos funcionários, que precisam ser ouvidos e ter suas necessidades atendidas. Além disso, é fundamental um planejamento cuidadoso para a saída e o retorno do profissional, calculando o impacto de seu afastamento, revisitando suas metas e organizando sua substituição.Outro ponto importante é a flexibilidade. Oferecer horários flexíveis, modelos híbridos ou trabalho on demand pode ser uma demanda principal das mulheres que engravidam e pensam em sair do mercado. Cada contexto exige uma abordagem diferente, mas o objetivo é o mesmo: criar um ambiente que apoia e valoriza os profissionais com filhos.Outras Iniciativas para Apoiar Pais e Mães
Além das licenças estendidas, uma cultura de bem-estar parental pode se basear em diversas outras políticas e práticas, como:- Apoio no retorno da licença, com agendas de reintegração e alinhamento de expectativas- Programas de mentoria para mães em todos os níveis hierárquicos- Avaliações de desempenho e recrutamento com olhar afirmativo para figuras parentais- Criação de redes de apoio, como grupos de afinidade ou mentorias com outras figuras parentais- Salas de amamentação, auxílio-creche ou instalação de creche na empresa- Programas de apoio psicológico, que beneficiam a todos, pais, mães e profissionais sem filhos- Sensibilização e educação sobre estereótipos de gênero para formar líderes mais empáticosNão existe uma solução única, mas sim um conjunto de iniciativas que, em conjunto, criam um ambiente que apoia e valoriza os profissionais com filhos. E isso traz benefícios tanto para os colaboradores quanto para os negócios.