Filhos se inspiram nos pais e transformam a carreira de bombeiro militar em legado da família
Aug 11, 2024 at 1:42 PM
Legado Familiar: Quando o Serviço aos Outros se Torna uma Tradição
A carreira de bombeiro militar, muitas vezes caracterizada por um chamado de coragem e serviço, ganha também o contorno de um verdadeiro legado familiar para diversos militares. Em várias famílias, o desejo de seguir os passos dos pais e continuar a tradição de servir à sociedade não é apenas uma escolha de carreira, mas também uma expressão de orgulho e compromisso.Quando o Dever e o Amor se Unem
Inspiração e Dedicação: O Caminho de Pai para Filho
No Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT), pais e filhos trabalham lado a lado na árdua função militar, transformando o ofício de bombeiro em mais do que uma profissão: em um valor transmitido de geração em geração. Filhos que crescem ouvindo histórias de bravura e dedicação dos pais encontram motivação para seguir o mesmo caminho, como é o caso do subtenente Ivan Gusmão Alves e seu filho, Willyam Rodrigues Alves.Gusmão, que está há 26 anos na corporação, relembra com carinho a influência de seu irmão mais velho, que o inspirou a se tornar bombeiro militar. "Eu tenho um irmão mais velho que me adotou e ele foi bombeiro. Eu só tenho uma foto dele servindo os bombeiros, mas nunca me esqueci de onde eu vim", conta. Ao seguir os passos do irmão, Gusmão pavimentou o caminho para o futuro de seu próprio filho, Willyam.Desde cedo, Willyam acompanhou a rotina do pai no quartel, fascinado pela profissão. "Meu pai ingressou na carreira militar quando eu tinha três anos. Então, acompanhei a vida dele na instituição. Sempre gostei da área pelo respeito que a profissão tem e pelo serviço que presta. Acompanhando a rotina, resolvi seguir", relembra Willyam. Aos 14 anos, ele iniciou a preparação para se tornar bombeiro militar, e, aos 20 anos, entrou definitivamente na corporação.Pai e filho compartilharam inúmeros momentos juntos, desde o primeiro serviço de Willyam fora do Estado até mergulhos e salvamentos. "Tivemos inúmeros momentos. O primeiro serviço dele fora do Estado foi comigo. Fizemos vários serviços juntos, como mergulho e salvamento. É gratificante porque ali estão dois bombeiros, pai e filho, que se entendem com um simples olhar", diz o subtenente Gusmão.Para Willyam, a oportunidade de trabalhar ao lado do pai foi uma experiência enriquecedora. "Eu tive a oportunidade que poucos têm: quatro anos depois que entrei, consegui trabalhar junto com meu pai. Fizemos diversos atendimentos. Ele conseguiu me ensinar muitas coisas e eu aprendi muito. Foi fascinante poder trabalhar com meu pai lado a lado na corporação que eu amo."Semelhança Física e Espiritual: Quando Pai e Filho se Tornam Irmãos de Farda
As semelhanças entre pai e filho na carreira de bombeiro militar vão além da dedicação e do amor pela profissão. Em muitos casos, estendem-se até à aparência física, como é o caso do sargento Jefferson Alexandre Pinheiro de Araújo e o soldado Mateus Minetto Pinheiro de Araujo.Quando ambos estão fardados, pai e filho se apresentam como uma imagem do passado e do presente dessa corporação sexagenária. Além das semelhanças físicas e comportamentais, pai e filho dividem o mesmo sentimento de servir. Com 21 anos de carreira na corporação, o sargento Pinheiro sempre se destacou por sua ética de trabalho e sua dedicação à profissão, sem jamais deixar a família em segundo plano. Desse modo, inspirou Minetto a seguir seu próprio desejo de fazer a diferença."Desde pequeno vi meu pai como um grande exemplo dentro de casa. Que criança que não gosta de ter um bombeiro dentro de casa, ainda mais sendo o seu pai? Quando criança, meu pai me levava nos batalhões para tirar foto com caminhões do bombeiro. Então, o bombeiro sempre foi algo de dentro do meu coração. Aí eu cresci, fiz o concurso e cheguei aqui. Hoje estou aqui para continuar o legado dele", afirma Minetto.Ser um bom pai, presente e cuidadoso não foi tarefa fácil, de acordo com o sargento Pinheiro. Mas ser visto pelo filho como um exemplo compensou qualquer dificuldade. "Eu sempre cobrei dos meus filhos disciplina e dedicação aos estudos. Ele viu diariamente a minha luta: ir trabalhar, voltar para casa e ainda encontrar tempo para ele. Ele percebeu que é possível conciliar a vida militar com a vida familiar. Sempre procurei estar presente, e acho que foi por isso que ele viu a vida militar como um bom exemplo", garante o sargento.Quando o Sonho do Pai se Torna Realidade
O comprometimento e a dedicação demonstrados por pai e filho não são exclusividade de Pinheiro e Minetto. Recém-chegado à corporação, o soldado Edson Júnior do Carmo de Lara carrega no peito a comprovação da inspiração que seu pai – o subtenente Edson Aroldo de Lara, que está há 26 anos na corporação – é para sua vida nova como militar.A escolha do primeiro nome do filho para ser igual ao do pai foi uma decisão planejada pela família. Já o sobrenome 'Lara', adotado pela corporação para acompanhar Edson em sua nova jornada militar, espelha o legado deixado pelo pai na instituição. A dupla de pai e filho, conhecida no CBMMT como Lara e Edson Lara, simboliza a concretização do sonho do subtenente."Apesar de eu não querer pressioná-lo, era um sonho que ele seguisse a carreira. Vê-lo fardado e estar aqui com ele era um sonho. Desde o primeiro dia que falou que ia fazer o concurso, a alegria foi imensa", afirma o subtenente Lara.A dedicação de Edson Lara só foi possível graças à influência do pai, que moldou sua trajetória de maneira significativa. "Meu pai me influenciou e sempre demonstrou uma paixão muito grande pela profissão. Quando eu nasci ele já era bombeiro militar. Então, desde sempre eu o vejo como um bombeiro que sempre amou a farda, ele sempre demonstrou essa paixão. E, aos poucos, eu fui me apaixonando pela profissão também."A presença constante do pai, que também conseguiu equilibrar bem sua carreira com a vida familiar, proporcionou ao filho a confiança para enfrentar o desafio de ser um bombeiro militar. "Meu pai conseguiu conciliar os dois: a família e a profissão. Nunca foi ausente para mim, para minha mãe e irmãs. Todo o tempo que sobrava ele dedicava à nossa família. Nunca me faltou afeto, atenção e carinho, nada da parte dele", garante Edson Lara.Para o subtenente Lara, ser fonte de experiência e sabedoria para o filho, permitindo que o filho enfrente desafios com confiança e resiliência, é a melhor realização que poderia ter. "Nessa questão de carreira, eu procuro orientar. Conversamos bastante. Ele é um menino muito dedicado e tem um perfil muito bom. Mas sem essa preocupação de que tem que seguir meus passos. É um orgulho muito grande falar para todos que meu filho é bombeiro. É um grande amigo e hoje companheiro de trabalho."