Alain Delon: O Último Suspiro de Um Ícone da Sétima Arte
Alain Delon, um dos maiores galãs do cinema francês, faleceu aos 88 anos, deixando um legado indelével na indústria cinematográfica. Sua partida, anunciada pelos filhos, marca o fim de uma era brilhante, permeada por aclamações, polêmicas e uma luta contra o envelhecimento que o assombrou por anos. Sua vida, repleta de altos e baixos, é um reflexo da complexidade do ser humano e da fragilidade da fama.Um Rosto Inesquecível, Uma Carreira Icônica
Nascimento e Início de Carreira
Alain Fabien Maurice Marcel Delon nasceu em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, na França. Sua juventude foi marcada por trabalhos diversos, desde aprendiz de açougueiro até breves incursões na marinha francesa durante a Guerra da Indochina. Após ser dispensado em 1955, Delon se mudou para Paris, onde desempenhou pequenos trabalhos como porteiro, garçom e vendedor, antes de finalmente encontrar seu caminho no mundo do cinema.O Encontro com Schneider e o Início da Fama
Em 1957, Delon foi convidado pelo lendário produtor David O. Selznick para tentar a carreira em Hollywood, mas optou por permanecer na França. Seu primeiro papel no cinema veio no mesmo ano, com "Uma tal condessa", de Yves Allégret. O ano seguinte marcou seu protagonismo em "Cristina", de Pierre Gaspard-Huit, onde conheceu a atriz austríaca Romy Schneider. Os dois iniciaram um relacionamento durante as filmagens e permaneceram juntos por cinco anos, formando um dos casais mais belos do cinema.Consagração e Reconhecimento
O papel de Tom Ripley em "O sol por testemunha" (1960), de René Clément, solidificou a posição de Alain Delon como um dos grandes astros do cinema francês na década. Seguiram-se outras aclamadas atuações, como em "Rocco e seus irmãos", de Luchino Visconti, e "O leopardo", também dirigido por Visconti. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, Delon colaborou com alguns dos maiores nomes do cinema europeu, como Michelangelo Antonioni, Jean-Pierre Melville e Valerio Zurlini, consolidando sua reputação como um ator de talento.O Reconhecimento Tardio
Apesar de sua brilhante carreira, Delon lutou contra o estigma de ser visto apenas como um rosto bonito, em vez de um ator talentoso. Seu reconhecimento por premiações veio tardiamente, com o César de melhor ator em 1985 e o Urso de Ouro honorário em Berlim em 1995. Somente em 2019, aos 84 anos, ele recebeu a Palma de Ouro honorária em Cannes, em uma cerimônia marcada por protestos de movimentos feministas.Polêmicas e Posições Controversas
Nos últimos anos, o nome de Delon esteve envolvido em diversas polêmicas, especialmente por suas posições políticas e pessoais. Suas declarações sobre violência contra mulheres e sua proximidade com a extrema direita francesa geraram críticas e controvérsia. Essa faceta controversial do ator, somada aos problemas de saúde, ensombreceu, em certa medida, sua carreira e sua imagem pública.O Fim de Uma Era
Em 2019, após sofrer um AVC, Delon passou a enfrentar diversos problemas de saúde, incluindo arritmia cardíaca e a necessidade de uma cirurgia de bypass. Nessa época, ele já revelava sua luta contra o envelhecimento, declarando que "envelhecer é uma merda". Nos últimos anos de vida, Delon também expressou seu desejo de recorrer à eutanásia, um procedimento autorizado na Suíça, onde o ator residia.A Disputa Familiar
Após sua morte, a família Delon se viu envolvida em uma acirrada disputa, especialmente entre seus filhos Anthony e Anouchka. As alegações de manipulação e abuso de vulnerabilidade expuseram as tensões que permeavam os últimos momentos da vida do ator. A briga pela herança e pelo cuidado de Delon em seus últimos dias intensificou o conflito, evidenciando as divisões dentro da família.O Legado de Alain Delon
Alain Delon deixa para trás uma carreira indelével, marcada por atuações icônicas e uma presença magnética na tela grande. Apesar das polêmicas e controvérsias que o acompanharam, seu legado como um dos maiores galãs do cinema francês permanece incontestável. Sua partida, cercada de disputas familiares e um desejo de encerrar seus dias em seus próprios termos, simboliza o fim de uma era e a fragilidade da fama.