Segundo Vovó Cici, Iemanjá é filha de um orixá chamado Olokun; em alguns itãs – relatos míticos da cultura iorubá –, Olokun pode ser mulher, em outros itãs pode ser um homem. Durante o conto, ela ainda disse que:

• Iemanjá imigra da água salgada e se adapta a água doce e, por isso, existe a história de que o rio corre para o mar;
• A maiorira dos orixás consegue se transformar no que quiser;
• Quando Iemanjá chega se transforma em humana, ela sai do mar e vai viver na terra;
• Durante a morada na terra, diversos reis se apaixonam pela Rainha das Águas;
• Antes de ir para a terra, o pai de Iemanjá dá um axé para ela e coloca um colar com uma concha fechada em seu pescoço como símbolo de proteção.

Olokun é o tema da festa de Iemanjá deste ano, em Salvador, e foi escolhido através de um jogo de búzios feito pelo babalorixá da Casa de Oxumarê, responsável pela organização do presente da Rainha das Águas, em Salvador.

Natural do Rio de Janeiro, Vovó Cici é egbomi do Terreiro Ilê Axé Opô Aganjú. Ela foi iniciada para Oxalá em 1972, na capital baiana, mas já vivia dentro dos terreiros candomblé desde os 18 anos.

Em 2022, a contadora de histórias afro-brasileiras ganhou o título de cidadã de Salvador.

Mestra e sábia da cultura afrodiaspórica, mulher letrada, culta e amante da leitura, Vovó Cici de Oxalá é reconhecida por ser uma grande herbolária – conhecedora das propriedades medicinais das plantas e da magia dos cantos que despertam as propriedades das folhas.

Vovó Cici foi assistente direta do fotógrafo, etnólogo, antropólogo e babalawô Pierre Fatumbi Verger e, até hoje, trabalha no Espaço Cultural da Fundação Pierre Verger como pesquisadora e contadora de histórias.

Ela também atua como escritora e junto a Marlene da Costa e Josmara Fregoneze é autora do livro “Cozinhando Histórias: Receitas, Histórias e Mitos de pratos afro-brasileiros”.

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